Vijaya Daśamī - o Dia da Vitória
Após as nove noites dedicadas a Devī, em que os devotos pedem por suas bênçãos para que elimine os obstáculos da mente, enriqueça a mente com qualificação e abençoe com o ensinamento, é celebrado o 10º dia, Vijaya Daśamī, o "dia da vitória", representando a aquisição do autoconhecimento e a consequente liberação do estado de sofrimento do ser humano. É dito que o terrível asura Mahīśa, capaz de muitas disciplinas, conseguiu uma incrível bênção: ele pediu que só pudesse ser morto nas mãos de uma mulher, julgando que nenhuma seria capaz de vencê-lo em combate. Subestimando Śakti, Mahīśa se considerou imortal, conquistando todo o Universo. Os Devas, derrotados e humilhados, foram tomados por indignação e raiva, e com isso um feixe luminoso se manifestou a partir de cada um deles, unindo-se em um único lugar onde se manifestou Durgā, "aquela que é difícil de ser alcançada", a própria Devī, mãe de todo o Universo. Montada em um grande leão, com inúmeros braços e as armas de todos os Devas, Devī foi ao encontro de Mahīśa e seu enorme exército de asuras. Suas gargalhadas e o rugido de sua montaria permearam todo o Universo, enquanto ela facilmente varria seus inimigos para longe com suas armas. Durante nove dias Devī lutou com hordas de asuras e seus generais, derrotando todos eles. Por fim, no décimo dia, o próprio Mahīśa a enfrentou, mudando repetidamente de forma com seu poder de ilusão a medida em que Devī o golpeava. Entendendo que a dissolução de uma forma sempre resultaria no nascimento de outra, Devī finalmente saltou sobre Mahīśa, que se encontrava na forma de um búfalo, fincando sua lança no coração do asura; e enquanto Mahīśa se manifestava com sua forma original, saindo pela boca do búfalo, Devī o subjugou com seus pés, o segurando pelos cabelos e, por fim, cortando sua cabeça, o derrotando definitivamente. Com isso, o Dharma foi restabelecido e a ordem voltou a imperar no Universo.
Devi destruindo o asura
O nome Mahīśa significa, literalmente, "búfalo". Este animal é símbolo de ignorância, que assume a forma dos inúmeros desejos. Os desejos desenfreados resultam sempre em sofrimento, agressão e destruição, derrotando todos os Devas, as tendências positivas da mente. A dissolução de um desejo através de sua satisfação apenas produz novos desejos, por outros objetos, nunca resolvendo a ânsia humana por satisfação plena. Devī representa o conhecimento, a capacidade de ir além dos desejos e a vida de disciplina que conduz a isto. Para solucionar o problema fundamental do ser humano - a eterna sensação de falta que o indivíduo carrega e tenta solucionar com conquistas em vão - é preciso ir no coração do problema - a ignorância a respeito de si mesmo. Esta falta sempre presente não é de fato real, mas aparente, derivada de um desconhecimento a respeito da verdadeira natureza do Ser. Assim, Devī perfura profundamente o coração de Mahīśa com sua lança, alcançando o cerne do problema, e corta a cabeça do asura, simbolizando a discriminação entre o Eu - eterno - e o ego - perecível -, em termos de conhecimento. A noção de limitação e incompletude do indivíduo é, portanto, dissolvida, liberando-o do estado de sofrimento. Que neste Vijaya Daśamī, Devī nos abençoe com uma mente livre de obstáculos e clara, acesso ao ensinamento e o conhecimento a respeito de si mesmo, preenchendo o coração humano aparentemente vazio com a descoberta de que, de fato, sempre esteve pleno com a presença de Devī. JAYA MĀ!