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Editorial 2017 - Janeiro

Gloria Arieira

Passou ontem e temos agora o hoje. Mas que piada, pois quando o ontem existiu

ele era hoje. Até o amanhã quando existir será hoje. A vida é uma série de hoje e 

nada mais. O momento presente que parece tão difícil de se viver!

Estamos constantemente referenciando o que já passou ou o que ainda vai passar. 

Como o novo ano que entra, mas apesar de tanta preocupação, projeto e

esperança, será o mesmo hoje que conhecemos a cada dia. Passou ontem e temos

agora o hoje. Mas que piada, pois quando o ontem existiu ele era hoje.

Até o amanhã quando existir será hoje.

A vida é uma série de hoje e nada mais. O momento presente que parece tão difícil de se viver!

Estamos constantemente referenciando o que já passou ou o que ainda vai passar. Como o novo ano que entra, mas apesar de tanta preocupação, projeto e esperança, será o mesmo hoje que conhecemos a cada dia.

E cada dia é único, nunca o imaginado por nós, mas sempre cheio de surpresas e aprendizados. Ao nosso lado somente um nos acompanha, como acompanhou Yudhisthira até o fim de sua vida – o dharma, como um cão fiel e constante, conforme é contado na estória do Mahabharata. O dharma na forma de meus mais profundos valores, que são somente os que valorizo e compreendo a importância; não o dos outros que me querem influenciar. O dharma na forma do que devo fazer, do que me é exigido contribuir pela própria vida, pois tenho dons, talentos, capacidades para isso. Eu e meu cão fiel, o dharma, seguimos juntos toda a jornada do dia, do ano, da vida. E quando o inesperado aparece, sou eu e meu cão, o dharma, que resolvemos o que fazer.

Nesta virada do ano, honro meu cão fiel e só quero que ele ao meu lado esteja, que eu com forte presença possa alimentá-lo, e que possamos andar juntos sempre. Eu e meu dharma, a fazer cada dia significativo e completo, merecedor de comemoração.

Viva 2017!

Pois podemos considera-lo um início, quando todos os dias são inícios, e podemos refletir sobre as emoções, os desejos e a forma para realizar o que queremos; ao menos tentar três vezes.

Que estejamos juntos no estudo de Vedanta, na vida de Yoga!

 

Harih om,

Gloria

 

Editorial 2017 - Março - Abril

Gloria Arieira

Setuun tara.

Setuun dustaraan tara.

 

Atravesse as pontes.

Atravesse as pontes difíceis de serem atravessadas.

Assim ensina o Sama Veda.

 

São muitas as pontes que temos a atravessar na vida. Ao atravessar, vamos de um lado

ao outro, de um lado para seu oposto. Algumas pontes são mais difíceis pois os hábitos

são enraizados, os apegos são fortes.

 

A ponte mais importante é da mentira para a verdade, do falso para o verdadeiro. E, dizem os rshis, que para fazer isso temos que ter a ajuda do compromisso com a verdade -- satyena anrtam tara. Atravesse o falso com a verdade.

 

Essa é a principal ponte, pois nos finca no caminho da verdade.  Mas existem outras, como akrodhena krodham tara. Devemos ir além da raiva, uma reação tão comum quando as coisas não são do jeito que queríamos, que sonhamos. Como podemos ir além dela?

 

Diz a tradição, confirmado por Sri Krshna e o mestre Patanjali -- um dos segredos para lidar com qualquer dificuldade na mente é pratipaksha-bhavana. Devemos opor o que queremos mudar, com a atitude contrária.

 

E é exatamente isso que dizem os mestres do Sama Veda: akrodhena krodham tara.

Atravesse a raiva com a ausência da raiva.

 

Se temos dificuldade para doar, para fazer uma doação apropriada para uma boa causa, se temos apego demais, temos que exercitar doando, descobrindo o prazer por doar. Daanena adaanam tara. Atravesse a não doação com a doação, doando.

 

E se não conseguirmos confiar em alguém que merece nossa confiança pois não conseguimos aceitar suas dificuldades, sua humanidade, o jeito é tentar confiar, entendendo que ninguém é perfeito. Shraddhayaa ashraddhaam tara.

Atravesse a falta de confiança com a confiança.

 

Sem compromisso com a verdade nos apegamos ao falso, nos acostumamos com a palavra que significa pouco, achamos que o que nos for conveniente no momento será defendido por nós.

 

Em nossa vida, por fim, o que for a verdade terá que prevalecer porque é a verdade. A verdade vence. Seja laukika-satyam, uma verdade no mundo relativo; ou vaidika-satyam, a verdade revelada nos Vedas, a verdade absoluta.

 

As outras tantas pontes serão escolhidas e atravessadas por cada um de nós. O samsara é comparado ao vasto oceano, e para atravessa-lo a ponte terá que ser grande e solida. Essa ponte é feita de conhecimento. Que a ignorância de si mesmo possa ser atravessada com o conhecimento, e o samsara, a vida de altos e baixos, seja atravessado ao ser reconhecido como não real pois é a experiência da vida que de fato não limita quem sou, pois o que sou é sempre livre, apesar das experiências múltiplas e, por que não dizer, divertidas, de um eu que não é de fato quem sou.

Atravesse as pontes e descubra você mesmo.

 

Om tat sat

 

Gloria Arieira

 

Na vida, mais do que entendimento do Eu, Atman, que é Brahman, é preciso entender

Ishvara e trazê-lo

para nossa vida. Trazê-lo deliberadamente pois fato é que tudo que existe é ele, como

também as leis universais que fazem o cosmos funcionar tão perfeitamente, em ordem.

Para trazê-lo para minha vida, tenho que entendê-lo, e ao fazer isso, ele naturalmente fará

parte de mim e de tudo ao meu redor.

Sofro sempre que não consigo acolher o que acontece comigo.

Acolher significa receber  como o que me cabe, apesar de estar habilitada para, a seguir,

tentar mudar se achar necessário.

Em oposição ao acolher, temos o rejeitar, não aceitar e ainda me sentir injustiçada; embarreirar o que vem para mim e para isso se faz necessário endurecer o corpo e a mente. Mas quando acolho, relaxo o corpo, disponibilizo minha mente.

 

A vida de Yoga consiste em entender sobre o jiva, o indivíduo, e Ishvara, o Todo. Mas, o truque da vida de Yoga é abrir o coração para receber o que vem e, só a seguir, lutar para mudar algo, se for necessário. Não é aceitar o que vem que me fará relaxar! Não é isso que é Yoga! É acolher o que vem, apreciando a ordem cósmica, e depois fazer o que for necessário, até mesmo para tentar mudar o que veio para mim. Acolher e agir é muito diferente de aceitar. Aceitar é uma passividade negativa que terá consequências indesejáveis, como inação e frustação passiva que conduzem a uma reação futura.

 

Para acolher a ordem cósmica, Ishvara, tenho que entendê-la. Através do estudo, de contemplação, de cantos de mantras e bhajans, o yogi “chama” Ishvara para seu dia a dia. Um dos muitos cantos da Tradição dos Vedas é o canto dos 108 nomes, naama, de Ishvara. Como se fosse uma carta de amor, 108 vezes a pessoa diz para Ishvara nomes carinhosos sobre sua grandeza e o saúda com um namah. Como por exemplo:

 

Om sarvaaya namah

Om ishvaraaya namah

Om sac-cid-aananda-vigrahaaya namah

 

Ishvara é na verdade nirguna e aruupa, não possui qualidade nem forma, mas é ele que através do poder de fazer aparecer, maayaa, manifesta-se na forma do universo. Manifestar-se aqui significa que o universo não é separado de Ishvara. É ele mesmo que de modo impossível assume a forma do universo. Como podemos dizer que o barro se manifesta na forma do pote.

Para trazermos Ishvara para nossa vida, temos necessidade de vê-lo como uma pessoa e por isso lhe damos uma forma. Como ele é todo o universo, todas as formas são dele e, então, qualquer forma o representará bem. Ao dar uma forma humana, personificá-lo, podemos nos relacionar mais facilmente com ele. A forma é simbólica. E lhe damos muitos nomes pois as formas são muitas. Uma das mais significativas é sat-cit-aananda-vigraha. Vigraha é uma imagem, uma forma, e sat-cit-aananda é aquilo que é livre de limitações, sempre existente e pura Consciência e, portanto, não pode ter forma, pois o ilimitado não pode ter uma forma, mas através de símbolos poderá ser representado. Como Dakshinamurti, que é Ishvara, e cuja forma inclui os cinco elementos, o Sol, a Lua, o feminino e masculino entre outros símbolos, de maneira a nos comunicar que ele não é uma pessoa, mas tudo o que existe.

 

Depois ele é chamado de sarva, aquele que é o todo. E, por fim, damos a ele a forma especial que nos encanta, como Krshna, Rama, Ganesha, Mahadeva ou Devi. E através das estórias simbólicas vemos a humanidade em Ishvara, a dualidade que pertence ao universo. E com isso aceitamos nossa própria humanidade. A humanidade no divino nos ajuda a aceitar nosso aspecto humano. E podemos ver que há beleza na dualidade, nos opostos e suas características únicas.

 

O yogi traz Ishvara para sua vida, o que o torna um bhakta, um devoto, e assim acolhe seu ahamkaara e sua vida complexa. Aprecia seu ahamkaara como parte de Ishvara e poderá entender que punya e paapa, dharma e adharma, o positivo e negativo na vida, estão em ordem, e são não separados do Atman, do Eu.

 

Om tat sat

 

Gloria Arieira

Editorial 2017 - Maio - Junho

Gloria Arieira

Como estamos no mês de Gurupurnima, pensamos que seria interessante colocarmos

o Editorial da professora Gloria Arieira de uma forma diferente. Achamos que todos

gostariam de conhecer um pouco mais sobre nossa professora e, portanto, ao invés do

Editorial na forma tradicional, vamos levar a você parte da entrevista que os alunos da

professora Gloria fizeram com ela em 1984! A foto ao lado mostra a professora naquele

ano. As perguntas são muito interessantes e as respostas muito esclarecedoras.

Nos próximos números publicaremos o restante da entrevista, que saiu na revista Prama

daquele ano. 


GLORIA ARIEIRA É ENTREVISTADA POR SEUS ALUNOS 


Após quatro anos e meio de estudo intensivo de Vedanta e sânscrito na Índia, onde teve contato profundo com a cultura védica, Gloria Arieira vem dedicando-se ao ensino, à realização de palestras e outros eventos na cidade do Rio de Janeiro, onde reside atualmente.

 

- Como lhe ocorreu a idéia de vir a ensinar?


Eu não tinha a intenção de ensinar. A minha idéia era ficar na Índia, ensinando talvez para algum grupo pequeno, e continuar a estudar Sânscrito.... Mas um dia me ocorreu que eu não havia nascido no Brasil à toa, existem pessoas que sabem português mas não sabem inglês e não tem condições de ir para a Índia. Eu tenho que ensinar a essas pessoas, de outra forma eu não teria nascido no Brasil! Eu me sinto bem na Índia, por que teria nascido no Brasil? Tem que haver uma razão. Eu achei que a razão era essa, eu tinha que ensinar aqui, era minha obrigação.


- Eu gostaria que você fizesse um histórico. Antes de Vedanta, você naturalmente já tinha um questionamento. Como foi que você ouviu falar de Vedanta? Como você entrou em conttato e por que você foi parar lá na Índia?

Eu entrei em contato com Vedanta quando tinha 19 anos. Nessa época eu achava que tinha todas as coisas que eu poderia imaginar e tinha todas as possibilidades nas mãos. Tinha viajado o suficiente, estava estudando o que eu queria. Mas também achava que nada disso me satisfazia. Não achava possível ter vindo para o mundo somente para me casar, ter filhos, netos e ir embora. “Tem que haver algo mais, pois isso não me satisfaz”, pensei. Existia em mim uma forte insatisfação que não conseguia eliminar. Voltei-me para várias coisas ao meu redor, asanas, pranayama, alimentação natural, passando até mesmo pelo existencialismo numa época, até achar que o que mais me respondia alguma coisa era o Zen Budismo, isto foi a última coisa. Estava então me organizando para ir para algum lugar, pensei na Patagônia, onde ficaria isolada, pensando e lendo, pois achava que em algum livro deveria encontrar a resposta. Foi então que encontrei Swami Chinmayananda, que veio fazer uma palestra de Vedanta aqui no Rio. Ele disse que veio por acaso. Estava indo fazer uma palestra na Argentina, teve que fazer um pouso aqui e as pessoas que o tinham conhecido na Índia organizaram uma palestra.
Então, eu vi que aquele conhecimento respondia a certas perguntas minhas e vi também que não havia ninguém aqui para me ensinar. Decidi ir para a Índia. Quando eu cheguei lá, ele me disse: “Eu fui para o Brasil por sua causa, porque você estava preparada, no momento certo”. Hoje vejo que tudo que vivi e estudei foi para me levar ao momento de descobrir Vedanta, que responde realmente às perguntas.


- Quando você chegou à Índia, como as coisas se sucederam?


Quando cheguei à Índia, eu não imaginava que existia uma escola, que existia um curso, que existiam pessoas vindas de todas as partes do mundo estudando. Encontrei um curso de Vedanta de dois anos e meio. Quem estava ensinando era Swami Dayananda. O Swami Chinmayananda me encaminhou para o Swami Dayananda, que foi quem me ensinou, que foi meu mestre.


- Você só ficou sabendo que era uma escola quando chegou?


Eu só fiquei sabendo que era uma escola no momento em que me deparei com ela na minha frente. Eu pensei que fosse encontrar o Swami Chinmayananda sentado embaixo de uma árvore estudando. Lá faz muito calor, todas as pessoas estão estudando juntas, na hora de dormir, dormem debaixo da árvore, na hora de comer, comem qualquer coisa ao redor. Eu vou lá estudar com eles, qualquer coisa que for preciso eu faço também ... Mas quando cheguei, vi que era uma escola com 50 alunos de todas as partes do mundo estudando, e que eu “estava de trouxa” chegando por último.

Editorial 2017 - Julho - Agosto

Gloria Arieira

Vedanta enfatiza o questionamento, vicara. Para questionar, a mente tem que estar

livre, tanto quanto possível, dos preconceitos e de apegos emocionais a ideias.

O fruto de questionar é um entendimento mais claro e o livrar-se de fato de

pré-conceitos. Em outras palavras, em Vedanta o foco é conhecimento claro e

desapego.


O conhecimento mais significativo é o de si mesmo, mais do que o conhecimento

de objetos do mundo. É o conhecimento do sujeito que se constitui conhecedor

do mundo, jnata, agente de ação, karta, e experienciador de situações variadas, bhokta. 


Um fato inquestionável no mundo é a dualidade. O objetivo da vida de Yoga é de que no processo do viver, a mente se torne equilibrada em relação aos opostos e objetiva. Ela tem que apreciar os opostos e transitar bem entre eles. Ter equilíbrio na vida é acomodar os opostos pois são inevitáveis – frio e calor, agradável e desagradável, alegre e triste. Em ambos os estados, há sempre algum ganho e também alguma perda. Manter-se bem na presença de qualquer dos dois é o equilíbrio. Querer sempre um e rejeitar o outro demonstra incapacidade de entender o mundo como é.
Apresentamos aqui duas palavras usadas no processo de estudo de Vedanta e também de Yoga. São elas: ahamkara e anahamkara.


A primeira significa conceito de individualidade caracterizado por: “eu gosto”, “eu faço”, “eu quero”. Eu gosto de um objeto, quero adquiri-lo e depois eu quero mantê-lo, não tolero a ideia de perde-lo. É um termo muitas vezes traduzido como ego.


O conceito de eu nasce na infância e se desenvolve ao longo de toda a vida. O conceito do que sou muda, mas a constituição de que sou um ser único com uma individualidade permanece.


O conceito de eu, ahamkara, é fundamental para o viver e para proteger o corpo, a mente, o intelecto, a vida, com os quais a pessoa se identifica. Mas outra palavra é sempre enfatizada com relação ao autoconhecimento e esta é anahamkara. O prefixo an é uma negação e assim temos aqui a ausência do conceito de individualidade. E nessa ausência, o que estaria no lugar? Não é a ausência de ego, mas o entendimento de que a pessoa não é a única responsável por suas qualidades e conquistas na vida. O orgulho ou vaidade para com relação a essas é ridículo, sem sentido, pois nada que seja conquistado por alguém tem causa exclusiva em seu esforço ou virtude pessoal. Cada um tem que reconhecer que foi ajudado e inspirado por tantas pessoas no mundo. Como em um conhecimento adquirido por alguém – deve-se ao criador a capacidade de pensar; aos pais e familiares, o estímulo ao estudo; aos professores, o ensinamento paciente; à sociedade pela existência de escolas; e a tantas outras pessoas e instituições por razões diversas. Tanto quanto o orgulho é absurdo, a crítica a si mesmo também é, pois não se pode ser o único responsável por falhas ocorridas e limitações existentes.


Ahahamkara é então a apreciação do mundo como ele é, como as pessoas são, sem orgulho ou crítica a si ou ao outro. Não estar sempre focado em si mesmo, seus dons e necessidades, é a ausência de ego. Porém, o ahamkara é necessário para a preservação de si mesmo. O anahamkara inclui o entendimento de que cada um de nós está inserido num todo, um universo que possui ordem e inteligência, e de que ninguém está só.
Com o equilíbrio entre o ahamkara e anahamkara, a pessoa vive uma vida de Yoga, respeitando a pessoa que é e fazendo seu papel, ao mesmo tempo que aprecia Ishvara, a ordem cósmica inteligente que tudo governa. Até o momento em que consegue ver o ego como não real e o Atman como sua verdadeira natureza.
 

Editorial 2017 - Setembro - Outubro

Gloria Arieira

Kshanti ou acomodação é a característica principal do santo.

A capacidade de aceitar livremente a outra pessoa sem querer que ela mude para

satisfazer suas exigências ou valores pessoais. Saber diferenciar a pessoa de seu ato.

O ato pode ser condenado, pode ser errado e, assim sendo, pode não ser aceito.

Mas ainda assim podemos compreender a pessoa, a sua história de vida, seu passado,

sua infância, que levaram a pessoa a agir da maneira como ela age. Podemos reconhecer

que nós também, na situação daquela pessoa, agiríamos da mesma maneira.
Ao mesmo tempo não podemos confundir a aceitação do outro com deixar que o outro

ultrapasse seus limites e interfira em nossa vida, decida o que vamos fazer, nossas

prioridades, nossos valores, escolhas. Não podemos deixar que aceitar signifique

submeter-se!
Temos a responsabilidade conosco de pensar o que é bom e justo para nós, expressar

e defender esta escolha. Forçar uma pessoa a fazer escolhas, usando (ou melhor, abusando) ou não de poder, é uma violência. Igualmente, submeter-se a uma mudança de valores sem refletir, subjugando-se à força verbal, emocional ou física, ou em troca de favores, é uma violência permitida a si mesmo.
Que nós possamos perceber neste novo ano a diferença entre entender e acomodar o outro e a violência de submeter-se ao outro, à sua opinião ou maneira de agir. O primeira relaciona-se à pessoa; o segundo, à maneira com que o outro age. Podemos compreender a pessoa, mas não temos que fazer o que a pessoa faz, tampouco concordar com ela.
Temos a responsabilidade conosco, e com o mundo, de pensar, de usar nossa maior bênção que é a buddhi, a capacidade de discriminar e descartar o que não tem valor. Não podemos permitir que o outro decida por nós, o que será violência de ambas as partes, nossa mesma e do outro. E se a outra pessoa tem algum poder sobre nós (por idade ou outra hierarquia aceitável na sociedade) não podemos deixar que haja abuso do poder, onde uma pessoa, porque tem alguma posição de liderança sobre a outra (na família, no trabalho, por situação financeira, religiosa ou na sociedade em geral), inibe a outra e a submete, sob a ameaça de alguma perda.
Um exemplo esteve em grande evidencia recentemente, em filmes e jornais – mulheres e seus chefes no ambiente de trabalho. Mas é muito comum em qualquer outro ambiente – na educação, em instituições religiosas, na política, na imposição das leis ...
Que nós possamos refletir sobre a violência e trabalhar para que seja paralisada.
Felicidades!


Com carinho, 
Gloria Arieira
 

Editorial 2017 - Novembro -Dezembro

Gloria Arieira

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