A necessidade de um guru
- Henrique Castro
- há 7 horas
- 10 min de leitura
por Henrique Castro

Sempre ouvimos falar sobre a necessidade de um professor para a aquisição do conhecimento de Vedānta. Mas por que não podemos ser autodidatas? Essa pode parecer uma questão simples, porém é de fato uma boa pergunta. Afinal, se Vedānta é um meio de conhecimento na forma de palavras, a mera exposição a essas palavras, seja por meio da escrita ou da fala, já deveria ser o suficiente para gerar em nós o conhecimento. Isto é, apenas ler ou ouvir as Upaniṣads por conta própria deveria ser o bastante.
Quem disse que não se pode ser autodidata?
Ao abordarmos essa questão, em primeiro lugar, é importante saber de onde vem essa afirmação. Ironicamente, a tarefa de falar sobre a necessidade de um professor recai sobre os próprios professores e professoras, mas a afirmação não vem deles, vem de Vedānta:
...तद्विज्ञानार्थं स गुरुमेवाभिगच्छेत् समित्पाणिः श्रोत्रियं ब्रह्मनिष्ठम् ॥ १.२.१२ ॥[1]
“...Para o conhecimento deste [eterno], com gravetos sacrificiais em mãos, ele deve se aproximar certamente de um professor que seja versado nas escrituras e firme no conhecimento de Brahman.” (Muṇḍakopaniṣad 1.2.12)
Um exemplo dessa afirmação é este trecho da Muṇḍaka Upaniṣad, que foi comentado em detalhes por Śrī Śaṅkarācārya. Ao explicar aqui a palavra एव [eva] – que tem o sentido de ênfase e exclusão, sendo traduzida acima como “certamente” –, o comentador afirma que mesmo um śāstrajña, isto é, um erudito no sânscrito que conheça outras escrituras, não deve se aventurar a estudar esse assunto de forma independente.[2]
Outro exemplo é essa frase na Kaṭha Upaniṣad:
नैषा तर्केण मतिरापनेया प्रोक्तान्येनैव सुज्ञानाय प्रेष्ठ ...॥[3]
“Ó amado, este conhecimento não é alcançado pela lógica. Somente ensinado por outro conduz à compreensão...” (Kaṭhopaniṣad 1.2.9)
Além de outras afirmações específicas e diretas como estas, a necessidade de um professor também é indicada indiretamente pelo formato das Upaniṣads, que, em sua maioria, apresentam o ensinamento na forma de um diálogo entre professor e discípulo. A história quase sempre começa com uma pessoa que busca um professor e pede respeitosamente a este que lhe ensine. Assim, temos os diálogos entre Aṅgiras e Śaunaka, Varuṇa e Bhṛgu, Yama e Naciketas, Uddālaka e Śvetaketu, Yājñavalkya e Maitreyī entre outros. Também na Bhagavadgītā, considerada a essência das Upaniṣads, temos o célebre diálogo entre Śrī Kṛṣṇa e Arjuna, respectivamente professor e discípulo.[4]
Portanto, é com base no próprio Vedānta, a parte final dos Vedas, que afirmamos a necessidade do professor para a aquisição do conhecimento que este pramāṇa revela. As Upaniṣads devem ser entendidas como a fonte autoritativa não apenas sobre a natureza do eu, mas também sobre sādhana, isto é, sobre aquilo que precisamos fazer para adquirir esse conhecimento.
No entanto, se isso não for um motivo convincente o suficiente, algumas razões nos ajudam a entender por que um professor é indispensável. Antes de entrarmos nelas, porém, é preciso explicar o que queremos dizer com o termo “professor”.
Significado da palavra guru
Usamos aqui a palavra professor ou professora como tradução do termo original em sânscrito guru, pois de fato essa parece ser a melhor tradução possível. (A pronúncia do termo se dá com mesma intensidade e duração nas duas sílabas, então fica mais parecido com gúru). Outra palavra usada nas escrituras que é sinônimo de guru é ācārya. Assim como a palavra “professor”, as palavras guru ou ācārya não carregam em si nenhuma conotação mística. Significam simplesmente alguém que ensina algo. No contexto de Vedānta, a palavra guru é reservada para alguém que ensina sobre a verdade do eu, ou seja, que ensina o conhecimento revelado pela parte final dos Vedas e que é chamado Brahmavidyā, ou Ātmavidyā.
No mantra citado mais acima, é dito que a pessoa deve buscar um guru que seja śrotriya e brahmaniṣṭha. Dois importantes adjetivos.
Śrotriya significa alguém que tenha estudado formalmente e por tempo suficiente as escrituras (isto é, Vedānta), com um professor que, por sua vez, também seja um śrotriya. Alguém que conhece intimamente os textos, aprendeu a extrair o significado deles e, por ter assimilado as escrituras e o método de comunicação usado no ensino tradicional, naturalmente adquire também a capacidade de ensinar.
Brahmaniṣṭha significa alguém que esteja firme no conhecimento de Brahman. Isso pode ser visto de duas maneiras. Pode indicar alguém que abandonou o apego a karma (as ações e rituais) e a todas as outras buscas, dedicando-se exclusivamente à assimilação desse conhecimento. Ou pode indicar alguém que já assimilou completamente esse conhecimento – que está agora disponível para si em todos os momentos e se reflete plenamente em sua vida na forma de total satisfação consigo mesmo e compaixão com todos os seres.
É dito que o melhor professor de todos é aquele que é ao mesmo tempo śrotriya e brahmaniṣṭha. Em segundo lugar, está aquele que é apenas śrotriya. Em terceiro lugar, está aquele, mais raro, que é apenas brahmaniṣṭha, pois poderá apenas inspirar os outros, não possuindo as ferramentas necessárias para ensinar e resolver possíveis dúvidas dos alunos. Já no caso de não ser śrotriya nem brahmaniṣṭha, não pode ser chamado de guru, e o melhor a fazer é oferecer namaskāra e ir embora.
A Upaniṣad não diz que o aluno deve procurar qualquer professor, mas sim um śrotriya-brahmaniṣṭha-guru. O problema é que não é fácil determinar se alguém é śrotriya e, menos ainda, se é brahmaniṣṭha. Podemos e devemos nos guiar averiguando se a pessoa estudou as escrituras com um professor qualificado e observando se ela dispõe, em alguma medida, das virtudes necessárias para a aquisição do conhecimento – como satyam, vairāgya, ahiṁsā, śama, dama, dayā etc.[5] Mas, em última instância, não temos como saber de início se a pessoa é realmente śrotriya e brahmaniṣṭha, e dependemos de nosso puṇya, adquirido por orações e ações de contribuição, para encontrar um bom professor ou professora nesta vida.
Inicialmente, é útil entrar em contato e ouvir diferentes professores, mas, uma vez que a pessoa esteja determinada a se dedicar ao estudo sistemático e consistente de Vedānta, é importante que recorra a um único professor principal, e não a vários simultaneamente com igual peso, mesmo que sejam da mesma linhagem.
Vale a pena notar também que mesmo um professor śrotriya e brahmaniṣṭha nunca será perfeito e não precisa ser. Ele não terá falhas de caráter, pois para ter adquirido o conhecimento já terá necessariamente consigo as virtudes como não-violência, desapego, compaixão, não mentir etc., mas não será perfeito no sentido em que é comumente imaginado. As palavras podem ocasionalmente lhe fugir da memória, ele ou ela pode não entender bem uma pergunta feita por seu aluno e pode falhar em entender um assunto mundano ou mesmo relativo ao śāstra, e pode também falhar ocasionalmente em compreender as intenções por detrás dos atos de outra pessoa. Frequentemente, por leituras prévias equivocadas, criamos uma ideia romantizada e a falsa expectativa de um guru perfeito, isto é, onisciênte, super saudável, com poderes paranormais, etc. Quando se busca um guru cem por cento perfeito, acaba-se ficando sem nenhum, ou então apenas com gurus distantes que já se foram ou com os quais nunca se convive pessoalmente.
As razões dessa afirmação
Voltando à questão do artigo, por que é necessário aprendermos com um professor?
Primeiro porque não é tão simples entender as escrituras. Mesmo que você saiba sânscrito e consiga ler os mantras das Upaniṣads no original, dificilmente conseguirá extrair o correto significado deles sem a ajuda de um professor. A linguagem de Vedānta é muitas vezes hermética, com o uso frequente de paradoxos[6],e contém expressões que se referem a tópicos discutidos em outras Upaniṣads.
É dito que, para entender o primeiro mantra de uma Upaniṣad, é necessário que você conheça todos os mantras dessa mesma escritura. Mas, para entender todos os mantras, você precisa começar pelo primeiro. Só é possível furar esse ciclo fechado com um professor que tenha a visão completa do conhecimento e, com ela em mente, lhe apresente os mantras um por um, evitando possíveis interpretações incorretas.
No aprendizado de inúmeras ciências e artes observamos essa mesma situação, em que adquirir o conhecimento em questão sem um guia é praticamente impossível. É difícil imaginar que alguém possa aprender a fazer cirurgias, falar uma língua, dominar uma dança clássica ou consertar aviões, por exemplo, sem um guia. O que dirá aprender esse conhecimento de Vedānta, que é muito mais difícil e, por isso mesmo, comparado na Kaṭha Upaniṣad a caminhar descalço sobre o fio afiado de uma navalha.[7] A propósito, se quiser aprender a andar descalço sobre navalhas, não é recomendado tentar como autodidata.
O conhecimento de Vedānta é considerado o mais difícil de adquirir. Não por ser complexo. Na verdade, o ensinamento central de Vedānta é muito simples, em certo sentido: tudo o que existe e aparece como esse variado universo é na verdade uma única realidade imutável, consciência, chamada Brahman. E essa consciência imutável é o que você realmente é. (sarvaṁ hyetad brahma, ayam ātmā brahma). Então por que é o mais difícil? Porque não trata de algo desconhecido e, portanto, sobre o qual estaríamos naturalmente abertos a receber novas informações. Ele é sobre algo que acreditamos já conhecer, o eu. De fato, já conhecemos o eu, pois ele é autoevidente, mas o conhecemos erroneamente. É muito difícil aprender algo sobre um tema acerca do qual acreditamos já saber tudo.
Vedānta é difícil porque trata de corrigir uma visão equivocada que temos sobre nós mesmos. Exige a rara humildade na forma da pronta disposição para reconhecer que “talvez eu esteja errado”. Portanto, se tentamos estudar e interpretar os mantras por nós mesmos, sem a orientação de um professor, há grandes chances de que nossas ideias preconcebidas influenciem a interpretação negativamente, nos levando a ver apenas o que já queríamos ver. Durante o estudo de Vedānta, a realidade do pramātā [conhecedor] será negada. E o leitor autodidata é esse pramātā que deseja reter a si mesmo. Enquanto não houver a entrega ao pramāṇa [meio de conhecimento] operado por um professor, essa negação do pramātā não ocorrerá.
A própria resistência à ideia de procurar um professor pode ser sinal desse desejo do pramātā de afirmar e reter sua individualidade, o que é um obstáculo à aquisição do conhecimento de Vedānta.
Essas são as principais razões pelas quais um professor é indispensável. Contudo, deixando à parte os impedimentos mencionados, uma pessoa que adquiriu a visão de Vedānta estudando com um guru por tempo suficiente pode depois ler sozinho as Upaniṣads sem problema, mesmo aquelas que eventualmente não estudou com um guru, e elas funcionarão como pramāṇa.
Além de tudo que foi dito acima podemos dar uma razão extra para a necessidade do professor: Não podemos fazer perguntas aos livros. Ter a oportunidade de colocar dúvidas pessoais sobre o ensinamento e mesmo sobre nossa vida diante de um guru śrotriya e brahmaniṣṭha, e obter dele ou dela respostas e orientações, é algo essencial no caminho do estudo de Vedānta. Muitos ensinamentos ficam marcados em nós não por termos lido ou mesmo ouvido em aula, mas por termos ouvido diretamente de nossos professores ou professoras como resposta a uma pergunta pessoal. (O conteúdo deste artigo é em grande medida baseado na resposta dada por meu professor, Swami Sadatmananda Sarasvati, a uma pergunta que certa vez lhe fiz.) Ademais, no convívio com eles, aprendemos muitas coisas importantes simplesmente pelo exemplo, observando suas condutas nas mais diversas situações da vida.
Conclusão
Assim, o śāstra [escrituras, i.e. Vedānta] e os gurus [professores] são igualmente importantes e formam uma dupla inseparável, comparável a um CD e um CD player, respectivamente. A princípio, esse exemplo dado por Śrī Swami Paramarthananda há algumas décadas pode parecer ultrapassado hoje, mas ainda é ótimo e atual. Afinal, quem é que não conhece hoje a situação de ter um CD em perfeito estado, mas inutilizado por não haver mais onde tocá-lo? Assim é ter o śāstra e não ter um professor. A situação contrária, de ter um professor que não ensina o śāstra, é igualmente ineficaz, como ter um CD player sem um CD para tocar.
Mas não há mesmo qualquer possibilidade de adquirir esse conhecimento de forma independente? Afinal, ouvimos e lemos algumas histórias de pessoas que teriam adquirido esse conhecimento de Vedānta mesmo sem um guru.
Primeiramente, como saber se tais pessoas possuem o conhecimento? Depois, como saber se realmente não tiveram um professor, mesmo que por dois ou três dias? Por fim, a esse respeito, é dito ser possível que, em raros casos, alguém que tenha estudado com um professor em um prévio nascimento, sem obter o conhecimento firme por conta de pequenos obstáculos, nasça como um prodígio espiritual e se torne rapidamente firme no conhecimento mesmo sem um guru. Esse é o raro caso do kevalabrahmaniṣṭha que mencionamos anteriormente nesse artigo, quando falamos sobre um guru que é apenas brahmaniṣṭha, mas não śrotriya.
Se alguém se considera um prodígio espiritual, talvez não precise se preocupar com toda esta discussão. Mas, no caso de uma pessoa comum, não há por que negligenciar a prescrição do śāstra. Dentre os buscadores, uma boa parte, mesmo guiada por bons gurus, não adquire o conhecimento, o que dirá sem eles.[8]
Concluímos com esse trecho da Śvetāśvatara Upaniṣad, que no seu último mantra revela a importância do professor – e da devoção a ele ou ela – para que o ensinamento de Vedānta se torne realmente eficaz.
यस्य देवे परा भक्तिर्यथा देवे तथा गुरौ।
तस्यैते कथिता ह्यर्थाः प्रकाशन्ते महात्मनः॥ [9]
“Os significados ensinados (nessa Upaniṣad) se tornam claros para aquele de coração amplo que tem a mais alta devoção a Īśvara, e igual devoção ao professor”
ओं तत् सत्
oṁ tat sat
Texto por Henrique Castro
Vedāntabindu © 2025 CC BY-NC-ND 4.0
(Você pode ler melhor esse artigo na web clicando aqui)
Notas
[1] ...tadvijñānārthaṁ sa gurum evābhigacchet samitpāṇiḥ śrotriyaṁ brahmaniṣṭham. (Muṇḍakopaniṣad 1.2.12)
[2] गुरुमेव आचार्यं शमदमादिसम्पन्नम् अभिगच्छेत् । शास्त्रज्ञोऽपि स्वातन्त्र्येण ब्रह्मज्ञानान्वेषणं न कुर्यादित्येतद्गुरुमेवेत्यवधारणफलम् । gurum eva ācāryaṁ śamadamādisampannam abhigacchet | śāstrajño'pi svātantryeṇa brahmajñānānveṣaṇaṁ na kuryād iti etad “gurum eva” iti avadhāraṇaphalam (Muṇḍakopaniṣad-bhāṣyam)
[3] naiṣā tarkeṇa matirāpaneyā proktānyenaiva sujñānāya preṣṭha ... ||
[4] As Upaniṣads não só indicam que é necessario um professor, mas que esse professor por sua vez deve ter tido um professor. Nas Upaniṣads e na Bhagavadgītā é mencionado o fato desse conhecimento ser transmitido de professor a discípulo numa sequência ininterrupta que se extende no passado e tem como primeiro professor o próprio Īśvara.
[5] não mentir, desapego, não-violência, autodomínio, compaixão etc.
[6] बृहच्च तद्दिव्यमचिन्त्यरूपं सूक्ष्माच्च तत्सूक्ष्मतरं विभाति ।दुरात्सुदूरे तदिहान्तिके च पश्यत्स्विहैव निहितं गुहायाम् ॥
bṛhacca tad divyam acintyarūpaṁ sūkṣmācca tat sūkṣmataraṁ vibhāti |
durāt sudūre tad ihāntike ca paśyatsvihaiva nihitaṁ guhāyām ||
“Este (Ātmā) é vasto, autoevidente, e sua natureza não pode ser pensada. É mais sutil do que o sutil e brilha em várias formas. É mais distante do que o mais distante. É o mais perto aqui (neste corpo). Está disponível aqui mesmo, no intelecto, em todos os seres que veem.” (Muṇḍakopaniṣad 3.1.7)
[7] उत्तिष्ठत जाग्रत प्राप्य वरान्निबोधत । क्षुरस्य धारा निशिता दुरत्यया दुर्गं पथस्तत्कवयो वदन्ति ॥
uttiṣṭhata jāgrata prāpya varānnibodhata |kṣurasya dhārā niśitā duratyayā durgaṁ pathastatkavayo vadanti ||
“Levantem-se! Acordem! Tendo encontrado os grandes (professores), conheçam (o Ātmā). Os sábios dizem que o caminho é difícil de ser atravessado como o fio afiado de uma navalha.” (Kaṭhopaniṣad 1.3.14)
[8] श्रवणायापि बहुभिर्यो न लभ्यः शृण्वन्तोऽपि बहवो यं न विद्युः ।आश्चर्यो वक्ता कुशलोऽस्य लब्धाऽऽश्चर्यो ज्ञाता कुशलानुशिष्टः ॥ १.२.७ ॥
śravaṇāyāpi bahubhiryo na labhyaḥ śṛṇvanto'pi bahavo yaṁ na vidyuḥ | āścaryo vaktā kuśalo'sya labdhā''ścaryo jñātā kuśalānuśiṣṭaḥ ||
“Para muitos, este (Ātmā) não está disponível mesmo para ser escutado. Muitos, mesmo escutando, não o compreendem. Aquele (professor) que o revela por meio de palavras é extraordinário. Aquele que recebe (o ensinamento) é extraordinário. Aquele que compreende, sendo ensinado por alguém competente, é extraordinário.” (Kaṭhopaniṣad 1.2.7)
[9] yasya deve parā bhaktiryathā deve tathā gurau |tasyaite kathitā hyarthāḥ prakāśante mahātmanaḥ || (Śvetāśvataropaniṣad 6.23)
Obrigada, Henrique🥰