top of page

57 itens encontrados para ""

  • Yoga Journal - Ideia para 2014

    Na guerra contada no Mahabharata, Yudhishthira (o irmão mais velho de Arjuna) mata o mestre Drona. Isto, além de já ser esperado, era sua obrigação, pois, além de estarem na guerra, Drona tinha agido contra as leis da guerra. Mas, naquele momento, Arjuna fica tomado de grande tristeza e sentimento de perda. Tomado por essas fortes emoções, ele acusa Yudhishthira de um feito horrível – matar o mestre, que era, na visão de Arjuna, como um pai. Yudhishthira se explica, Bhima, o irmão de ambos, vem em sua defesa, mas Arjuna não consegue se livrar da dor. Então, Yudhishthira diz: quisera eu, neste momento, sofrer algo grandioso, como a morte. Só algo assim, grande e inesperado, quebraria a dor e a ilusão que Arjuna sente. Yudhishthira entende que em momentos grandiosos é difícil lidarmos sozinhos com nossas emoções. Com a ajuda dos irmãos, Arjuna consegue aquietar sua dor. Texto para o Yoga Journal em Dezembro de 2014 www.arshavidya.org www.arshavidya.in www.dayananda.org www.swamidayananda.org http://www.aimforseva.org #Mahabharata #Yudhishthira #Arjuna #Bhima #Drona

  • Tradição Antiga dos Vedas

    Além do marco do Império Romano, muito além do aparecimento de Cristo, da próspera Civilização Egípcia e até mesmo da Mesopotâmia, havia já na Índia uma sofisticada civilização no vale do rio Sarasvati, hoje reconhecidamente com muito mais de 7000 anos. Era a cultura védica chamada Sanaatana Dharma. Um estilo de vida atemporal no qual a verdade eterna é o maior valor e a dedicação ao conhecimento desta verdade é priorizada. O estilo de vida é chamado Yoga, o conhecimento é passado de mestres a discípulos em diálogos chamados Upanishads. Esta verdade é livre do tempo e do espaço, palavras não podem defini-la. Seu ensinamento é através de palavras que a indicam e a seguir são negadas – manasaa eva anudrastvyam. Somente com a mente pode ser percebido. Yam manasaa na manute. É aquilo que a mente não pode pensar. É aquilo que é buscado por todos; e que deve ser compreendido como já alcançado! Este método vem sendo mantido numa linhagem sem interrupção de mestre-discípulo. O ser humano é o constante buscador de sua excelência. Sentindo-se constantemente inadequado, procura superar a si mesmo, ir além de sua experienciada limitação. É a busca denominada espiritual. A busca de superioridade é psicológica à medida que vislumbra-se uma vantagem em relação aos outros, um julgar-se melhor do que os outros, devido à consciência de limitação que é forte, dilacerante. Aparecem problemas para si mesmo na tentativa de se perceber superior, pois a inferioridade, a limitação, é evidente, ainda que muitas vezes não consciente. Cria-se então um excesso de opinião pessoal, um medo das diferenças, uma necessidade de criticar o outro e diferenciar-se. O foco na excelência não vê tanto o outro mas a si mesmo. De que maneira pode-se exceder a si mesmo, suas evidentes limitações, alcançando uma totalidade que ultrapassa a sensação de limitação – uma experiência de si mesmo, em si mesmo, de paz e plenitude, no silêncio pleno, onde descobre-se não separado do Universo. As limitações são percebidas como naturais ao mundo dual, pode-se crescer além delas, ou talvez isto não seja de imediato possível, mas a excelência é descoberta em si mesmo, o que possibilita uma acomodação do outro e do mundo, exatamente como são. Esta busca de excelência é o libertar-se da aparente limitação, é moksha, como nos apresenta os Vedas, a rica tradição que nos diz que esse libertar-se é possível ainda em vida. O estilo de vida para tornar possível esta excelência envolve um tornar-se consciente de bhaya-krodha-raaga, o medo a raiva e o apego. O libertar-se é para aquele que compreende clara e profundamente essas três expressões automáticas da mente e do corpo. Naturais pois são a expressão do que a ciência védica de saúde chama de Vaata, Pitta, kapha em nosso corpo. Para aquele que se dá ao trabalho de perceber essas expressões e suas causas em si mesmo e portanto ter um comando possível sobre sua expressão, o libertar-se é possível pois este significa não uma negação de raaga-bhaya-krodha mas o viver harmônico livre de suas garras aprisionantes. viitaragabhayakrodhah sthitadhiirmunirucyate. Aquele que é livre de apego, medo e raiva e capaz de reflexão é firme no conhecimento do Ser, assim é falado. Bhagavadgita II, 56 Yoga é um estilo de vida, com a prática de asanas, pranayama, concentração, meditação, estudo do Ser que é absoluto e idêntico ao Criador e contemplação. Parte fundamental disto é o estar consciente das ações realizadas, dos acontecimentos diários, que vêm sem nosso desejo ou busca, e a atitude que mantemos nestas várias situações. E através desta atenção, ou melhor, desta disposição para estar atento, consciente, descobrir que cada um de nós faz parte deste todo que chamamos o Universo. Um estilo de vida falado em detalhes e a oportunidade do autoconhecimento fazem parte do Sanaatana Dharma, uma tradição especial disponível para todo aquele que a valoriza e deseja. www.arshavidya.org www.arshavidya.in www.dayananda.org www.swamidayananda.org http://www.aimforseva.org #Upanishads #SanaatanaDharma #Yoga #raagabhayakrodha

  • Bhagavadgita, cap.V, verso III

    Trabalho de Vedanta apresentado por um dos alunos de Gloria Arieira da turma de segundas-feiras(comentário de um dos versos da Bhagavadgita). "Com a mente abandonando todas as ações, aquele que tem os instrumentos sob seu controle permanece feliz na cidade de nove portões, como o habitante do corpo - não agindo, tampouco provocando que ações sejam feitas." No capítulo IV, Sri Krsna falou sobre o sábio, aquele que possuindo o Conhecimento, renuncia a todas as ações impulsionadas pelo desejo, bem como ao apego aos frutos dessas ações, e permanece feliz em si mesmo, em qualquer situação. Assim sendo, Arjuna compreende que o sábio é um renunciante, que não faz ação nenhuma. Entretanto, Sri Krsna termina o capítulo dizendo a Arjuna para se levantar e agir! Diante disto, Arjuna fica confuso, pois se o sábio, aquele que tem o Conhecimento e é feliz em qualquer situação, é um renunciante, como é que Sri Krsna lhe diz par agir?! E então pergunta o que é melhor para o homem comum que quer adquirir o Conhecimento, uma vida de renúncia ou uma vida de ação, ou seja, samnyasa ou karmayoga yoga? O capítulo V desdobra esta questão, analisando o que são a renúncia e a ação às quais Sri Krsna se refere, a quem se aplica uma e outra, como também quem é o renunciante. No verso 13 é dito: "Com a mente abandonando todas as ações, aquele que tem os instrumentos sob seu controle permanece feliz na cidade de nove portões, como o habitante do corpo - não agindo, tampouco provocando que ações sejam feitas." Com esta afirmação, Sri Krsna aponta o que significa o abandono às ações e como fazer isto. Ele diz: "Com a mente abandonando todas as ações" - o abandono aqui referido é mental, conseguido através da discriminação e da verdadeira noção de quem ele é . Aquele que tem a mente tranquila e livre da falsa noção de que ele é o agente de ação, abandona (renúncia) a todas as ações como sendo feitos seus, assim como renuncia à noção de ser ele o agente da ação, ou a causa de ações por parte dos outros. Esta pessoa consegue, desta forma, ver que não é ele quem age, ele não faz nada, portanto, ele vê a inação na ação. "aquele que tem os instrumentos sob seu controle"- os instrumentos são os instrumentos da ação e percepção, ou seja, da fala, da visão, do tato, etc. Aquele que tem a mente tranquila consegue ser o dono de seus instrumentos, e não ser dominado por eles, seguindo seus impulsos. "permanece feliz na cidade de nove portões, como o habitante do corpo" - a cidade de nove portões é o corpo. Os portões são os canais de comunicação com o exterior, como os portões de uma cidade. São eles: sete na cabeça (dois olhos, duas orelhas, duas narinas e a boca), o canal urinário e o reto. A pessoa é como se fosse o senhor da cidade, e os canais, instrumentos desta cidade/corpo, estão a seu serviço. Esta pessoa habita nesta cidade/corpo e ali permanece feliz, pois esta é sua natureza, deixando que a cidade/corpo siga sua rotina, suas funções, de acordo com sua natureza. A pessoa tem consciência desses instrumentos, mas não se identifica ou se confunde com eles. "não agindo, tampouco provocando que ações sejam feitas." - tendo pleno conhecimento de sua verdadeira natureza, conseguido através da discriminação, esta pessoa não se confunde, nem se identifica com seu corpo, nem com sua mente, nem com suas ações. Sabe que o Atma é sua natureza, e este nada faz. As ações executadas por este corpo não são suas (do Atma). Portanto, é dito que ele não age. Pela mesma razão, ele não é a causa de qualquer ação, por parte de outras pessoas ou instrumentos. Assim, ele consegue ver a inação na ação. A ação pertence a Maya, não a esta pessoa que sabe que sua natureza outra, é o Atma. Esta pessoa é um renunciante, pois renuncia à autoria das ações, à expectativa quanto ao seu resultado e ao efeito que elas produzem. Esta pessoa conhece sua natureza e a natureza das coisas. Deixa que seu prarabdha se cumpra, pois é assim que tem que ser. Onde e como ele estiver, estará bem e feliz, pois esta é sua natureza. Ele é um renunciante, ainda que participando do mundo, "agindo" como qualquer outra pessoa. O verso seguinte (14) completa o que é falado neste verso, ou seja, que o Atma não cria situações de ação para as pessoas; isto é feito por Maya. Por ser a renúncia o tema deste capítulo, ele é chamado de Samnyasayoga. Maria Teresa Aguiar Martins Rio de Janeiro, 17 de julho de 2000 www.arshavidya.org www.arshavidya.in www.dayananda.org www.swamidayananda.org http://www.aimforseva.org #Bhagavadgita #SriKrsna #Arjuna #karmayogayoga #Samnyasa #Abandono #Renúncia #Maya #Samnyasayoga

  • O Satsanga

    Satsanga é ficar em companhia de pessoas que possuem o conhecimento claro de sua própria natureza absoluta, ou daquelas que buscam esse mesmo conhecimento. Sanga significa associação, sat significa a verdade, tanto a nível relativo, como falar o que é correto, como a verdade absoluta revelada nos Vedas. O momento do encontro do professor com alunos pode ser acompanhado de conversas na forma de perguntas/respostas ou canções devocionais cantadas em conjunto. Esses momentos são importantes fontes de inspiração para os que valorizam o conhecimento de si mesmo e desejam viver suas vidas dedicados à aquisição do autoconhecimento. Através da elucidação de dúvidas, colocadas pela própria pessoa e por outros, nasce maior clareza de entendimento. O ambiente informal e até mesmo alegre e fraterno, diferente da seriedade da sala de aula, oferece um apoio às pessoas alí reunidas que têm para si o mesmo objetivo. Esses encontros podem acontecer uma ou mais vezes por semana, porém, o melhor satsanga não é um encontro semanal, mas os momentos diários em companhia de valores universais, como a verdade e a não-violência, e da consciência do dharma, do papel a ser cumprido por cada um, a escolha adequada das suas ações. Conviver todos os dias com pessoas que querem descobrir em si mesmas os valores que conduzem ao conhecimento (chamados jñána, conhecimento, no capítulo XIII da Bhagavad Gítá), que desejam escutar, refletir e meditar sobre o Átman, o Ser Imutável, é o satsanga ideal. Este convívio é a inspiração, o estímulo e auxílio para a aquisição do autoconhecimento, para encontrar meios para antahkaranasuddhih, a preparação da mente, e jñánanistha, a clareza e firmeza do conhecimento. Além de conviver constantemente com outros que também desejam o Absoluto, melhor ainda é o contato direto com pessoas que vivem a realização do Átmabrahman, pessoas cujas vidas são o próprio exemplo da plenitude do conhecimento. Nosso grande mestre de Vedanta, Sri Adi Shankaracarya, diz no seu conhecido texto Bhaja-Govindam: Satsangatve Nissangatvam Nissangatve Nirmohatvam Nirmohatve Niscalatattvam Niscalatattve Jivanmuktah Na companhia daqueles que buscam a Verdade, nasce o desapego. Com o desapego, a ilusão se vai. Quando a ilusão se vai, a Realidade Imutável torna-se clara. Com o conhecimento da Realidade Imutável, o indivíduo torna-se liberado ainda em vida. Satsanga, a associação com pessoas que desejam o Sat, o Real, o Ilimitado, conduz a nissanga, a ausência da necessidade de estar sempre em companhia de pessoas e dependendo da presença dos objetos. A ausência dessa necessidade nasce da análise, do questionamento, que é viveka, que tem como conseqüência vairagya, o desapego natural e gradual, isto é, a ausência da ilusão e a presença da clareza mental para apreciar o seu verdadeiro Ser. Essa compreensão resolve a pergunta original do ser humano: quem sou eu? Para onde caminho? Respondendo a essas questões, a pessoa está liberada do sofrimento de se ver limitada e dependente de pessoas e objetos para preencher constantemente suas lacunas, num processo sem fim de insatisfação e desejo de vir a ser diferente.O satsanga é o primeiro movimento para a busca de si mesmo. www.arshavidya.org www.arshavidya.in www.dayananda.org www.swamidayananda.org http://www.aimforseva.org #Satsanga #Conhecimento #Professor #Aluno #ValoresUniversais #jñána #Átman #SriAdiShankaracarya #BhajaGovindam #Dharma #Verdade #Sat #Serimutável #Sanga

  • Introdução ao Vedanta

    Vedanta é uma tradição de ensinamento que leva cada um a descobrir que já é toda a felicidade que sempre buscou. Objetivo da Vida O objetivo da vida é a felicidade. É o que todos buscamos. Mas, tentando ser felizes, encontramos sempre este problema que é o conflito. Os conflitos não podem ser evitados, pois o mundo é dual. Nós temos sempre diante de nós várias opções e precisamos fazer nossas escolhas, o que requer muito questionamento. Em qualquer situação, mesmo nas menores coisas, o conflito está sempre presente. Pela manhã, precisamos decidir se levantamos logo que toca o despertador ou se esperamos um pouco mais, "só mais dez minutinhos". Ao sair de casa, a mesma coisa, "vou de carro ou vou de ônibus?; ou será que vou de taxi?; ou será que vou de carona com alguém?". A pessoa que fica em casa também tem seus problemas: "será que eu faço arroz ou será que eu não faço arroz?". Constantemente em nossas vidas temos de fazer opções e, ao decidir, ainda corremos o risco de concluir depois: "Não foi a melhor opção. Eu deveria ter escolhido outra coisa". A Descoberta do Ser Real Entretanto, só existe conflito porque existe uma capacidade de escolha que é peculiar ao ser humano. Animais são guiados por instintos, e por isso não têm esse tipo de problema. Na verdade, eles parecem estar todos muito bem, sem problema nenhum. Um animal age sem escolha, guiado por sua natureza, sem questionamento e sem conflito. Um animal nunca pode ser muito diferente do que está programado para ser, mas um ser humano pode escolher, e só por ser capaz de escolher, pode escolher o melhor para si mesmo. Um ser humano pode escolher ser livre, escolhendo descobrir o Ser Real e preencher a sua vida. Esse momento é muito importante na vida de uma pessoa. É nesse momento que, na Gítá, Arjuna vira-se para Sri Krishna e pede shreyas. Shreyas é a liberação do sentimento de ser infeliz, limitado, um sofredor. A satisfação através dos sentidos é chamada preyas. É o que nós nos habituamos a buscar nas nossas experiências no mundo. Shreyas é o bem absoluto, a liberação - Moksha. O objetivo do estudo de Vedanta é o conhecimento do ser pleno essencial que já é cada um de nós. Passo a passo, Vedanta vai mostrar a cada um como, em si mesmo, cada um é essa felicidade que nós nos habituamos a buscar no mundo. Uma Benção Em todas as áreas da sua vida, um ser humano é abençoado com uma maior sensibilidade do intelecto e da mente e, portanto, com a capacidade de olhar para si mesmo. É o buddhi - o intelecto - que diferencia o ser humano dos outros seres vivos. É uma grande bênção que possamos questionar, analisar e escolher. E, junto com esta capacidade de questionamento, está a autoconsciência. Somos conscientes do mundo ao nosso redor, conscientes de nós mesmos e conscientes das nossas escolhas e dos nossos valores. Porque temos consciência dos nossos valores, podemos optar de acordo com eles. Nós podemos até achar a vaca maravilhosa porque ela é vegetariana, mas ela não fez nenhum questionamento para isso. Ela não estudou para isso. Ela não tem nenhum mérito especial por ser assim. Ela, na verdade, não poderia ser diferente. Um ser humano, entretanto, não segue um "padrão humano". A cada momento um ser humano pode escolher o que faz, o que come, escolher a melhor forma de viver a sua vida. Essa mesma mente que é uma grande benção, pois faz do ser humano um ser especial na criação, também pode fazê-lo miserável, pois existe a dúvida: "mas será que é isso mesmo o melhor para mim?". É por isso que, debaixo de um grande sofrimento, com dúvidas sobre o que exatamente seria o melhor a fazer numa determinada situação, podemos olhar para algum animal e pensar: "seria muito melhor se eu fosse um cachorrinho como aquele, sem problema nenhum". Ele não pensa em nada, só está ali, em paz. Em paz como uma vaca na Índia. Veja que expressão ela tem! Andando, satisfeita, lá vai ela. Principalmente na Índia, aonde todo mundo respeita os animais, especialmente as vacas. Se ela resolver tomar conta da calçada, todos vão dar a volta sem atropelá-la. Podemos até olhar para ela e imaginar: "eu seria muito mais feliz se fosse aquela vaca". Mesmo um outro animal, como uma serpente, por exemplo, nunca pensa: "será que eu devo picar esta pessoa? Será que é correto feri-la?". Ela é impulsionada pela sua natureza. Age e ponto final. Mesmo tendo picado, é conflito zero. Mas, para o ser humano, é conflito antes e conflito depois. É a dúvida: "será que eu faço, será que eu não faço?". E tendo feito, eu ainda posso pensar que devia ter feito diferente. Vedanta analisa as Experiências O estudo de Vedanta vai nos levar a um questionamento dos nossos valores, das nossas atitudes, da nossa visão das realidades da vida. No processo, nós vamos lidar com a mente, entender melhor como ela funciona. Vamos também questionar a nossa relação com este universo e o seu criador - Deus. Vamos lidar com vários temas, mas o tema principal do estudo de Vedanta é a descoberta do Ser pleno, completo e feliz que já é cada um de nós. Como uma parte do questionamento do "eu" (Átman), Vedanta analisa os nossos estados de experiência. Isso é muito importante, embora quase ninguém dê importância para isso. Geralmente, nós não consideramos o estado de sono profundo como parte da nossa experiência. Algumas linhas de psicologia dão valor para os sonhos - principalmente os junguianos - mas de modo geral, só o estado acordado é considerado como realidade. Em Vedanta, entretanto, a análise destes três estados de consciência (i.e. acordado, sonhando e sono profundo) é fundamental. Consideramos o seguinte: quando estou acordado, o real é o estado acordado, mas quando estou sonhando, o real é o sonhando. Tudo no sonho é muito real enquanto ele está acontecendo. Não há interferência do estado acordado com o sonhando; o que é real em um não serve para o outro. Mesmo estando coberto posso sentir frio no sonho e isto será muito real... enquanto durar o sonho. A mais importante é a análise do sono profundo, isto porque no sono profundo eu estou totalmente apagado para o mundo, eu não vejo nada, eu não penso nada e ainda assim eu estou bem! Diariamente nós temos essa experiência de "estar consigo mesmo e estar bem". Essa análise de sono profundo mostra que é possível essa felicidade - eu comigo mesmo. Quer dizer: se sempre que eu estou comigo mesmo, eu estou bem, eu estou feliz, isto significa que eu sou a felicidade que eu tanto busco. Felicidade é a minha natureza essencial. Estar bem é estar Comigo Mesmo No sono profundo, diariamente, todos nós temos esta experiência: "eu estou comigo mesmo e estou bem". Isso mostra que a felicidade não é algo que eu vá adquirir de algum objeto. A felicidade não existe fora de nós. A felicidade não é diferente de mim. Eu estou bem sempre que estou comigo mesmo. No sono profundo a mente não está agitada, insatisfeita. Existem desejos no sonho e existem desejos no estado acordado, mas no sono profundo não há nada e, ainda assim, eu estou bem. Ao acordar eu sei que eu dormi bem. Eu estava bem. Logo, o que eu preciso para estar bem, para ser feliz, é estar comigo mesmo. Os problemas aparecem quando não conseguimos lidar com o mundo como ele é. O mundo não cria problemas; o mundo cria situações que nós podemos interpretar como sendo um problema. O mundo é dualidade. Às vezes está frio, às vezes calor. Às vezes tudo está bem, às vezes as coisas não vão tão bem. É importante sim, ter uma mente tranqüila, com a qual se possa lidar - o que é Yoga - mas Vedanta não tem como objetivo trabalhar a mente. Isso tudo é muito útil, inclusive para o estudo, mas não vai resolver o problema básico da vida humana. Disciplinar ou mesmo purificar a mente não soluciona a minha insatisfação. É necessário compreender a natureza da insatisfação e do sofrimento, que é uma visão inadequada, parcial de mim mesmo. A minha Natureza Essencial Quem eu sou? Quem de fato eu sou? Qual a minha natureza essencial? Quem é este que no sono profundo, consigo mesmo, está bem? Quem é esta pessoa que nos momentos de tranqüilidade, no alto da montanha, olhando para o rio, para o oceano, tendo abandonado todas as preocupações, está bem, em harmonia com o todo? Quem é este, que quando está consigo mesmo, está pleno e feliz? Vedanta nos leva nesse questionamento passo a passo, com o auxílio das escrituras e guru, na descoberta desse Ser essencial, que eu descubro nos momentos de felicidade. O "eu" em mim que é o "eu" em cada um. Este Ser que parece que eu encontro nos momentos de meditação. Mas eu não preciso encontrar com esta felicidade em alguma esquina, em alguns pequenos momentos da minha vida. Eu sou essa felicidade. "Eu sou esse Ser pleno" é o ensinamento de Vedanta. Somente conhecendo esse "eu" que é pleno, livre de toda a limitação, é que eu posso estar bem comigo mesmo, apesar das limitações. Independente das limitações de cada situação, eu sou livre. As situações podem mudar mas o Ser que é testemunha de todas as situações, de toda a dualidade, permanece. Vedanta não quer eliminar os pensamentos e sim reconhecê-los enquanto Consciência. Não é possível eliminar completamente as situações que me trazem um sentimento de limitação e sofrimento pois esta é a natureza do mundo; mas eu posso ver este Ser essencial que eu sou independente das modificações. Vedanta é o meio de conhecimento desse "eu" pleno e feliz. Vedanta é um conhecimento encontrado no final dos Vedas que são um corpo de conhecimento preservado na Índia mas que é de toda a Humanidade, de quem questiona esse Ser essencial. Esse Ser essencial que é cada um de nós. Somente conhecendo esse Ser que é livre de limitação, eu posso estar bem em qualquer que seja a situação limitada do mundo. Consciente de mim mesmo, sou também consciente de uma série de limitações. Esse "eu" que eu conheço é limitado. Eu sou consciente de meu corpo físico. Sendo consciente do meu corpo físico, eu também sou consciente das limitações que ele possui. Ele tem grandes capacidades, mas também grandes limitações. A mesma coisa com a minha mente, que analisa, questiona, interpreta, mas tudo dentro das suas próprias limitações. Meu sofrimento se dá porque, auto-consciente, eu me vejo consciente das minhas limitações. E ao me ver como um ser limitado, de várias maneiras limitado, eu sofro. Eu sofro porque me sinto limitado e por isso a minha felicidade também é limitada. Eu me sinto constantemente inadequado. Eu tenho poder de produzir, de alcançar, mas é limitado. Devido a essa capacidade de olhar para si mesmo, o ser humano, muitas vezes, pode não gostar do que vê. Constantemente nos damos conta das nossas limitações e sofremos, pensando em como poderíamos ser mais felizes se conseguíssemos ser diferentes. Essa mesma mente, que é uma grande bênção, também pode ser um grande problema, quando nos dá este sentimento de limitação, e nos faz estar constantemente em conflito. Se eu não estou bem comigo mesmo é porque estou vivendo somente a realidade da mente. O ser do qual eu sou consciente, que eu reconheço, é um ser limitado, por isso saber lidar com esta mente é fundamental. A solução está, não em tentar modificar as situações nas quais eu projeto a minha insatisfação. A solução está em modificar a minha visão de mim mesmo, modificar o ser insatisfeito. Jamais uma pessoa conseguiu verdadeiramente modificar o mundo à sua vontade. Isso porque tantas outras pessoas também querem modificar o mundo e têm padrões diferentes de como esse mundo deveria ser. Então jamais a solução poderia ser modificar o mundo para ajustá-lo à minha vontade. E tem mais. Por mais que eu consiga mudar, transformar o mundo a minha volta, no processo de modificar o mundo nossos valores também se modificam, e nos descobrimos desejando outras mudanças. Se eu quero realmente ser feliz, preciso reconhecer que tenho que encontrar essa felicidade em mim mesmo, independente das situações. Eu Sou Felicidade Devido à bênção desse conhecimento é possível lidar bem com todo este universo. Meu intelecto, a mente, os pensamentos estão incluídos neste universo. Se eu me vejo como o ser pleno que eu realmente sou, em qualquer situação, a plenitude será a minha base, o meu refúgio. Assim, eu posso lidar com qualquer situação! Não preciso concordar com tudo, mas posso aceitar as coisas como são, pois ninguém precisa ser diferente para me satisfazer. Quando eu preciso que as outras pessoas sejam diferentes, que o mundo seja diferente, eu tenho problemas. Isso porque, assim como eu quero que o outro mude, o outro também quer que eu mude. Quando eu estou bem comigo mesmo, posso lidar com qualquer situação, pois o meu copo já está cheio. Meu coração é grande demais, meu coração se torna amplo. Do tamanho do universo. Ele acomoda todo o universo. Eu não preciso concordar com tudo mas posso entender. Não preciso ser amigo do mundo inteiro mas posso aceitar as pessoas como são, pois é assim que elas conseguem ser. Eu não preciso modificar o mundo mas se alguém quiser mudar, eu posso colaborar. Eu estou bem porque eu sou a felicidade. www.arshavidya.org www.arshavidya.in www.dayananda.org www.swamidayananda.org http://www.aimforseva.org

  • O que é Vedanta

    O homem é consciente de si mesmo, de um ser que é incompleto. Essa auto-apreciação é peculiar ao homem, visto que, sendo consciente, ele é também consciente das próprias imperfeições, o que dá origem ao descontentamento. Assim sendo, a vida de um dado indivíduo é governada por desejos que estabelecem o fato dele não estar à vontade consigo mesmo. Desejos diferem de indivíduo para indivíduo. Não existem duas pessoas com o mesmo grupo de desejos. Cada um cultiva desejos particulares ao ser influenciado pelo meio cultural e pelas condições de vida em que nasce e se desenvolve. Desejos diferem não apenas de um indivíduo para outro, mas vão se modificando constantemente enquanto vivemos, segundo fatores como idade e posição social. Aquilo que desejamos hoje não é o mesmo que desejávamos na infância. Do ponto de vista da estimação do valor dos objetos, o universo inteiro pode ser dividido em três categorias: 1. objetos do meu gosto; 2. objetos de aversão; 3. objetos aos quais sou indiferente. Dentro dessas três categorias, os objetos se permutam. Quero me divorciar da pessoa com quem casei, de quem gostava. Ela é hoje objeto de desgosto. Ou ainda, antes eu era indiferente ao futebol, mas hoje em dia o acompanho com grande interesse. Assim sendo, essas categorias nunca são constantes. Nossos objetos individuais e cultivados são vários e estão sempre a se modificar. Porém, existe um desejo que é constante e universal: o desejo de ser feliz. Esse não é um desejo cultivado. Não o adquiri numa determinada hora e lugar. É um desejo fundamental, inato a todos. Assim como nasci com fome, sede e outras necessidades, nunca me ensinaram a querer felicidade. Desde que nasci, busco felicidade e contentamento. Esse desejo não é, portanto, sujeito à escolha. É natural. Nem tampouco à modificação. Não posso rejeitá-lo. De fato, esse é o desejo fonte, causa de todos os desejos secundários e gerais. Através de desejos individuais, me esforço em satisfazer esse desejo inato e fundamental de ser feliz. Além disso, meu desejo não é meramente o de ser feliz. Quero felicidade total. Não quero nada menos que felicidade absoluta. Estou cansado de ser feliz apenas de vez em quando e em diferentes graus. O que desejo realmente é felicidade absoluta. Quero ser pleno e completo. Quero ser ilimitado. Aquele que é abençoado com um pensamento claro e maduro certamente reconhecerá que qualquer dos fins alcançados pela realização de desejos secundários não se transformará nunca no resultado que ambicionamos - felicidade absoluta. Não importa quanto adquira em vida, me julgo insuficiente. O problema não está no que quero, mas no querer. Os objetos de desejo surgem e desaparecem, permanecendo somente uma constante música de fundo em minha vida, o fato de que "eu quero... eu quero...". Tendo reconhecido esse problema, será que posso acreditar sem receio na possibilidade de tal coisa como felicidade plena? Não é isso meramente um sonho de um livro de estórias para crianças ("e eles viveram felizes para sempre")? Sou eu um idealista imprático ao considerar tal possibilidade? Não. Não é uma mente imatura que procura, mas uma pessoa sensível e capaz de apreciar que esse desejo não é sujeito à escolha, mas é fundamental. Não posso rejeitar o desejo de ser completo, visto que não o escolhi. Tampouco posso negar que a felicidade adquirida na realização dos incontáveis desejos individuais é fugaz, e que me encontro sempre incompleto. Somente um indivíduo prático ousa perguntar: "onde se encontra a felicidade?". Prático porque dirige a sua atenção para a causa do problema. Aqueles que sem entender o problema vão por aí à procura de plenitude na esfera dos desejos individuais ainda estão "procurando no escuro". Aquele que realmente procura é diferente de todos os outros, visto que tenta satisfazer um desejo único capaz de destruir todos os outros desejos. Somente quem reconhece esse problema fundamental é digno de ser chamado mumukshu (1), pois para ele somente esta busca é válida e significativa. Se o desejo de ser feliz e ilimitado não é sujeito à escolha e é natural e universal, sem dúvida que não é sem sentido. Os meios de satisfazer os desejos naturais, como fome e sede, são necessariamente providos pela natureza. Assim sendo, tem que haver um meio de satisfazer o mais fundamental dos desejos. E, portanto, sendo esse o mais fundamental dos problemas de minha vida, pede um inquérito adequado. Quanto mais se vive uma vida consciente, mais o desejo fundamental de ser completo se torna difícil de ser ignorado. E, até que se encontre uma solução para esse problema, não haverá tranqüilidade. O método pelo qual esse inquérito se efetua é chamado Vedanta. Vedanta, um meio de conhecimento. Na parte final de cada um dos quatro Vedas (2) encontram-se as Upanishads. A estas é dado a designação geral de Vedanta. A palavra se deriva de vedanam antah, que significa o final dos Vedas. Outra designação dada às Upanishads, geralmente usada e que carrega uma significação importante, é Sruti, que significa aquilo que é ouvido. Aqui podemos apreciar que as Upanishads não são um conhecimento teórico contido em livros, mas um ensinamento que deve ser ouvido. Vedanta não é um sistema filosófico. Tampouco religião. Vedanta é uma tradição de ensinamento transmitido de mestre a discípulo num fluxo perene desde tempos imemoriais. Assim como não podemos dizer o que veio primeiro, se a árvore ou a semente, é impossível delinear um começo para esse ensinamento. Rotular Vedanta de "escola de filosofia" ou qualquer tipo de "ismo" é um grande erro da parte daqueles que não se expuseram devidamente ao método de ensino autêntico e tradicional. Nas Upanishads é dito que esse conhecimento deve ser recebido de um Srotrya Brahmanistha, um mestre não somente versado nos Shástras (3), mas também uma personificação viva do próprio conhecimento. Somente aquele que encontra um tal mestre pode apreciar a singularidade e eficiência do ensinamento vedântico. Assim sendo, Vedanta é uma tradição de conhecimento. Conhecimento de quê? Temos ouvido explicações do tipo: "de um caminho para a verdade", "conhecimento do ser", ou "conhecimento da Verdade". Aceitamos todas, porém, o mais acertado será obter da própria tradição o significado do Vedanta. Jiva Brahma Aikyam é a essência do ensinamento, o que significa a identidade que se obtém entre o indivíduo, aquele que busca, e o Fim, o Ser Ilimitado. O ensinamento vedântico é um desdobramento claro e profundo dessa verdade essencial e única. Outro aspecto importante do Vedanta é o método singular do ensinamento. Vedanta é referido como escola shabda pramánam, ou palavras que são um meio de conhecimento. Por intermédio de um hábil manipular de certas palavras e frases significativas, o mestre leva o estudante a reconhecer a verdade sobre Si Mesmo. Isso é entendido melhor por meio de uma ilustração: um certo indivíduo, pensando ter perdido suas chaves, não percebe tê-las em seu bolso, e sai à procura delas como um louco. Seu filho menor, cujas mãozinhas já reviraram bem aqueles bolsos, sabe exatamente onde estão as chaves, e diz: "Papai, olhe em seu bolso. As chaves estão com você". Resmungando, o pai verifica em seus bolsos e descobre então que as chaves estavam consigo o tempo todo. Na verdade, as chaves não estavam perdidas, mas de algum modo não as havia notado, e a sensação de perda fez com que as procurasse em outro lugar. Mesmo depois de muita procura, ele não as acharia, pois eram algo já adquirido. Ele as tinha consigo todo o tempo. O conhecimento errôneo "minhas chaves estão perdidas" precisava ser substituído pelo conhecimento correto "as chaves estão comigo". O conhecimento transmitido por meio de uma frase dita por alguém bem informado libertou o homem de sua sensação de perda. Ao ouvir palavras adequadas e na hora certa, ele compreendeu ser o "possuidor das chaves". Exatamente o que almejava ser. As palavras foram o meio pelo qual ele se livrou de sua ignorância. Do mesmo modo, em Vedanta, as palavras são o meio de conhecimento pelo qual o mestre indica uma verdade já existente. A identidade existente entre o ser individual e o Absoluto é expressa pela frase "tu és Aquilo". Não se diz "tu te tornarás Aquilo (mais tarde)". Visto que essa verdade é algo já existente, não será adquirida através de uma ação, mas sim por conhecimento. E para conhecer algo é necessário um meio de conhecimento. Vedanta é o meio de conhecimento que, por ser em forma de palavras, necessita de um mestre. Um mestre de Vedanta é aquele que dissipa a escuridão, a ignorância que impede alguém de conhecer a si mesmo. Vedanta é, então, um meio de conhecimento que proporciona o conhecimento do Ser. Outros meios de conhecimento à nossa disposição não o possibilitam, e, portanto, esse método de conhecimento em particular se faz necessário. Assim como nossos olhos são os meios de conhecimento para que formas e cores sejam conhecidas, Vedanta é o meio para o conhecimento do Ser. Om. www.arshavidya.org www.arshavidya.in www.dayananda.org www.swamidayananda.org http://www.aimforseva.org #Desejos #Objetos #Gostos #Aversões #Felicidade #AutoApreciação #shabdapramánam #Om #Absoluto

  • A Grandeza do Professor e do Ensinamento

    Benção é uma palavra e um sentimento que vêm sempre à minha mente quando penso sobre a forma em que fui parar na Índia, com a esperança de aprender Vedanta, que na realidade eu nem sabia o que era exatamente. Eu poderia ter encontrado qualquer professor, que poderia ter me ensinado algo que me fizesse mais confusa, ou então me orientado para uma devoção fanática. Algo que me fizesse perder a objetividade. E como poderia eu fazer algum julgamento e escolha?! Dentro da ignorância, como se pode discriminar para onde ir e com quem estudar?! Considero, portanto, que somente bênção, ou muito punya (1), levou-me ao Swami Dayanandaji. E quanto mais não foi necessário para que eu pudesse lá ficar até aprender completa e adequadamente!! Swamiji é uma benção para todos os seus alunos, não só por ser compreensível, tolerante e carinhoso com todos, mas principalmente pela maneira clara com que ele ensina desde o começo, tornando claro o fato de Vedanta ser um meio de conhecimento, pramána, e não uma escola filosófica. Essa consideração é fundamental para a compreensão de Vedanta. A mera curiosidade e a comparação com filosofias e religião transformaram-se em atitude de estudo e reflexão. Compreendemos que o problema de busca de um ser feliz para nós mesmos é devido à ignorância de nosso Ser que é felicidade e completude, o Ser absoluto. E o desejo por esse conhecimento pode ser preenchido. Desejo conhecer a mim mesmo, e, a cada nova compreensão a meu respeito, minha atitude acerca de mim mesmo e do mundo de objetos e pessoas muda. Essa mudança é imensa. Aos poucos, o impulso de fazer algo para ser diferente, ou para que o mundo de pessoas e coisas possa ser organizado de forma diferente para que eu possa então ser feliz desaparece. O impulso de fazer algo e estar melhor do que agora estou transforma-se em desejo pela clareza do auto-conhecimento. Essa clareza começa a existir pela minha compreensão do que é Vedanta, o conhecimento do Ser real, e de sua capacidade de me fazer ver um novo fato a meu respeito. Devido a essa atitude interna, desde o princípio sinto-me abençoada. A apreciação de Vedanta como um meio de conhecimento em forma de palavras desenvolve-se em amor e respeito pelas palavras. Manifesta-se na preocupação com cada palavra pronunciada, escolhendo a palavra exata, usando-a para expressar uma idéia clara e completa. Essa atitude para com shabda (2), até mesmo no dia a dia, colabora para que ela faça a mágica de desvelar o significado exato contido nela, como acontece na transferência de visão de Vedanta, transmitida de professor a aluno. As palavras têm que ser reverenciadas por ambos, professor e aluno, pois seu âmbito de trabalho para tornar claros os grandes paradoxos de Vedanta é o fio da navalha. Na Kenopanishad, 1-6, encontramos a seguinte afirmação: Yanmanasá na manute (Aquele não é conhecido através da mente). Átmá, o Ser, chaitanyajyotih, não pode ser conhecido e objetificado pela mente, pois o Átmá é manasah avabhásakam, o iluminador da mente. Portanto, como pode a mente objetificar aquilo que é a essência de si mesmo? A mente pode funcionar e pensar somente porque é iluminada pela luz da Consciência, chaitanyajyotih. O Ser da mente é Átmábrahma. Como pode então objetificar a si mesmo?! Outra shruti, a Brihadáranyaka Upanishad, 4-4-19, diz: Manasá eva anudrastavyam ([Brahman] tem que ser conhecido através da mente somente). Com uma mente purificada pelo escutar do conhecimento do Supremo, Brahman deve ser conhecido de acordo com o ensinamento do professor, que possui, ele mesmo, a compreensão clara. Temos, então, duas declarações aparentemente contraditórias da mãe shruti. A mente não pode conhecer Brahman, mas Ele tem que ser conhecido pela mente somente. Considerando verdadeiras essas duas afirmações, a chave para sua compreensão é: Brahma na drsyam drg eva (Brahman não é objeto, mas sujeito). A mente não pode conhecer Brahman, pois ele não é objeto a ser objetificado pela mente, como um pote ou uma casa. Todos os objetos são captados por um vritti, um pensamento, no qual o objeto fica estampado. Brahman não é objeto, mas o próprio sujeito, Átmá, o Ser da mente. Portanto, não pode ser objetificado. Mas, sou ignorante de mim mesmo, o Ser completo. Quero conhecer a mim mesmo. Todo e qualquer conhecimento ocorre na mente. Portanto, se Brahman é para ser conhecido, tem que ser conhecido pela mente. Mas não como drsyam, um objeto, mas como drg eva, o próprio sujeito. E como é isso possível? Existe algum vritti, um pensamento, para esse tipo de conhecimento? O vritti é chamado akhandákáravritti, um vritti que está na forma de akhanda, que é não quebrado ou dividido. Qualquer pensamento envolve três fatores: o sujeito (pensador), o objeto e a conexão entre os dois, que é o próprio pensamento, ou o ato de pensar. O pensador objetifica algo diferente de si mesmo, que é refletido na mente na forma de pensamento, como, por exemplo, em "eu vejo um pote", sendo "eu" o pensador e "pote" o objeto. E a mente assume a forma de pote. É chamado pensamento pote, ghatákáravritti. Aqui, a forma do vritti, ákára, é akhanda, não dividida. Portanto, o sujeito, o objeto e o pensamento são idênticos. Temos, então, akhandákáravritti, o vritti na forma de conhecimento de mim mesmo como pura Consciência, que é ilimitada e completa. Essa aquisição de Brahman se dá na forma de conhecimento. Brahman, sendo ilimitado, não pode ser criado. Tudo que é criado é limitado. Yad játam tad anityam, o ilimitado tem um início e um fim, limitado em termos de tempo; também ocupa um determinado lugar, limitado em termos de espaço. Brahman, não nascendo e não tendo fim, tampouco sofre qualquer transformação. Não pode ser criado. É sempre Existência, Sat. Não ocupa um determinado espaço. É não dividido, um todo, o Ser de tudo, Átmá. A Consciência pura ilimitada, sendo sempre presente, como posso buscá-la?! Está sempre presente, não distante de mim mesmo, sendo meu Ser real; e, se estou buscando esse Ser, é porque falta clareza a meu próprio respeito. Temos então outro paradoxo a ser desdobrado: Átmá existe, experienciado por mim a todo momento, mas estou em busca desse Ser completo, Átmá. O que quero é a aquisição do já adquirido, práptasya práptih. E isso só pode ser jñánena, através de conhecimento, o reconhecimento de que desejo o Ser completo que já sou. Mas isso não é tão simples! É necessário que aquele que fala "veja" o que fala, e que aquele que deseja "ver" esteja preparado para isso. Aquele que vê tem que possuir um método de abençoar o outro, fazendo com que ele também veja. Sendo compreensivo ao sentimento de limitação, com carinho e cuidado, aceitando o outro como estudante e possuindo uma visão clara e um método para fazer com que o outro veja como ele mesmo vê. Para alcançar o Ser completo, que sou eu mesmo, necessito de conhecimento, e para isso é necessário um meio de conhecimento. O meio para o autoconhecimento na forma de palavras é Vedanta. As palavras adequadas têm que ser usadas por alguém que possua a visão clara do Ser e que aprendeu a maneira de usar o meio de conhecimento de forma que ele funcione. A pessoa que deseja esse autoconhecimento e anseia por ele, sendo abençoada com um professor (ou professora) adequado, que sabe ensinar, apreciará a si mesma passo a passo, cada vez mais claramente, como o Ser adequado e completo. Isso é liberdade. Isso é uma benção. Por tudo isso, sinto-me abençoada. (1) virtude, mérito, bondade. (Nota do digitador) (2) som interior supersutil, palavra, mantra. (Nota do digitador) www.arshavidya.org www.arshavidya.in www.dayananda.org www.swamidayananda.org http://www.aimforseva.org

  • A Felicidade é minha Natureza Essencial

    (Entrevista) O Atma - Quando começou seu interesse pela filosofia hindu? Gloria: Num momento de busca pessoal. Procurava nos livros e em palestras um caminho. Foi quando, em 1973, conheci o Swámi Chinmayánanda. As palavras dele chegaram a mim com muita força: "Deus não é uma questão de fé, e sim de conhecimento", e "a natureza essencial do indivíduo é a identificação com Deus", por exemplo. Todos os ensinamentos dele fizeram sentido para mim. Quatro meses depois, resolvi me mudar para a Índia com meu marido e estudar Vedanta, a parte final dos Vedas, os textos sagrados hindus. Esse conhecimento, que foi passado oralmente há mais de 5 mil anos antes de Cristo, deve ser mantido inalterado. Daí a sua tradição oral. O Swami Dayananda foi o meu mestre. O Atma - Por que você resolveu dar aulas de Vedanta? Gloria: Eu estava vivendo há quase cinco anos na Índia. Estava totalmente adaptada e identificada com a filosofia de vida desse país. Quando pensei: por que nasci no Brasil? Deve existir alguma razão para isso. Sentia-me segura sobre o conhecimento que adquiri. Estava tudo muito claro para mim. Nesse momento, resolvi voltar. Já no Rio, fui convidada a dar palestras sobre o assunto e as aulas começaram como um processo natural. O Atma - Qual a relação de Vedanta com meditação? Gloria: A meditação é um instrumento para assimilação do conhecimento, o objeto de contemplação daquilo que foi estudado. Traz a sua mente de volta sem o uso da lógica e vê a verdade daquelas palavras ouvidas, os ensinamentos. O Atma - Você medita com freqüência? Gloria: Sim. Existem várias técnicas de meditação que ensino aos meus alunos, como por exemplo: a observação do silêncio, a repetição de um mantra, etc. Mas o que é mais importante é levar uma vida meditativa, ou seja, que ela seja um processo natural durante a vida, com a atenção nos atos e nas palavras. O Atma - O que é necessário para alguém meditar? Gloria: O pré-requisito é querer muito, sinceramente. Dessa forma é possível praticar a meditação, pois meditar é um ato de amor. Ou existe amor ou não existe. Ninguém pode forçar alguém a amar o outro. A meditação não funciona a não ser que se deseje naturalmente. Não pode ser forçada. O Atma - Você tem três filhos, dois deles adolescentes. Eles meditam? Gloria: O espírito da Cultura Védica eles possuem: visão de Deus, orações e valores. A forma a princípio pode ser considerada estrangeira, mas sua essência, o coração, é universal, pois a religiosidade é universal. O Atma - Qual a importância do conhecimento do Vedanta em sua vida? Gloria: Tornou-se mais fácil lidar com o mundo. A vida passa a ser simples. Não existe expectativa no mundo. Não espero que o mundo me faça feliz. A felicidade é minha natureza essencial. www.arshavidya.org www.arshavidya.in www.dayananda.org www.swamidayananda.org http://www.aimforseva.org #FilosofiaHindu #Meditação #CulturaVédica #Conhecimento #Vedanta

  • Swami Dayananda Saraswati sobre Comida

    A Comida é Vegetariana A filial de Coimbatore do Congresso Vegetariano Indiano (afiliado à União Vegetariana Internacional, U.K.) organizou a Sexta Convenção Nacional Vegetariana de 07 a 09 de Maio de 1999, no auditório Thiruchitrambalam da Universidade Avinashilingam Deemed, Coimbatore. Pujya Swamiji foi convidado para inaugurar o Congresso no dia de abertura da Convenção. Abaixo, estão reproduzidos alguns trechos da palestra de Pujya Swamiji. O que é a comida? Só existe uma fonte. Não há outra fonte neste planeta. O Veda nos diz “Oshadhibhyo´nnam”. O que quer que você coma é chamado annam; adyate iti annam. E esta annam vem de oshadhi, das plantas. Não há outra fonte. Se alguém tem que comer para sobreviver, então a comida nesta terra vem apenas desta fonte. Eu nasci com um estômago. Eu preciso de bio-energia. Eu não nasci com uma célula solar na minha cabeça. Eu tenho que comer e a comida vem de fora de mim. Se a comida está fora de mim, se eu sou uma pessoa programada, como um tigre ou uma vaca, eu posso obter comida da forma com que fui programado para comer. Se eu nasci com a capacidade da escolha, eu tenho que fazer a minha escolha. Eu não tenho escolha em exercer escolhas. Em todas as ações e comportamentos, eu tenho que exercer minha escolha e a comida não é exceção. Eu tenho que escolher. A fonte da comida é somente vegetal. Se alguém come carne de vaca porque tem proteínas, todas as proteínas são retiradas da fonte vegetal apenas e de nenhum outro lugar. Você faz a vaca comer e depois você come a vaca. É dado a você escolher. Você tem esta grande escolha. Portanto, você pode comer a vaca ou fazer uma comida mais simples. Eu não considero carne como comida. Carne pode ser uma refeição, mas não é comida. Mas annam; adyate iti annam, e annam é sempre Aushadham. Portanto, eu tenho que escolher. Como um ser humano eu tenho que ser responsável pelo que faço, porque eu não sou programado. E, se eu tenho que ser responsável, eu devo tomar cuidado com que faço quando eu como. Eu provoco dor em outros seres viventes? Eu vejo uma coisa dentre os expoentes do vegetarianismo e dos ambientalistas. Eles estão preocupados apenas com sobrevivência humana. Eles consideram que a humanidade está em perigo. Eles levantam questões de economia. Se tenho que obter meio quilo de carne, quanto mais os animais tiveram que comer – definitivamente, deveria ser, no mínimo nove vezes mais. O animal gasta muito mais energia para converter a comida ingerida que é vegetariana em carne fresca. Esta é também uma razão econômica. Algumas pessoas também apresentam razões de saúde. Na América, se alguém tem um ataque do coração, o médico vai dizer “de agora em diante, corte a carne de sua alimentação”. Para isso, a pessoa teve que ter um ataque do coração. O médico não diria no começo. Somente depois do ataque do coração, ele vai dizer “corte a carne da sua alimentação”. É incrível, mas está tudo no campo da saúde. Eu não me importo com o campo da saúde. Eu não me importo com pessoas que falam da sobrevivência da humanidade. Esta não é a nossa cultura. Eu dou o mesmo direito de viver a uma árvore e a um animal. Eu não quero destruir nenhum deles. Eu nasci com um estômago, que é um sistema biológico e eu tenho que obter minha comida do exterior. Eu tenho que escolher a minha comida. Eu posso até não saber se eu realmente prejudico e se eu provoco dor em um organismo vivente. Um argumento pode ser colocado que mesmo comidas vegetarianas que vêm das plantas também têm vida. Quem diz que não têm? Minha comida está lá fora. Oshadhibhyo´nnam. Isto está estabelecido. Ela é, Sthavara, imóvel. Mas quando você quer abater uma vaca, definitivamente, você tem que estimular as vacas. As vacas, definitivamente sentem que vão ser mortas. Não há caminho de volta. Uma vez no matadouro, elas aceitam simplesmente. Yatgatva Na Nivartante. Não há caminho de volta. Moksha para a vaca está em seu estômago. A vaca, sendo um animal, é um sobrevivente; ela está programada para sobreviver. Naturalmente ela sente a morte e não prossegue. Você sabe o que eles fazem. Eles estimulam a vaca com um choque elétrico e a vaca continua e depois ela é cortada e trazida a sua mesa. Eles não vão dizer que estão comendo uma vaca morta. Eles não dirão “carne” pois não é uma palavra esteticamente agradável. Eles, entretanto, irão camuflar e dizer filé. Eles comem porco morto e falam que é costeleta. Eles comem o bezerro e chamam de bife. Eles têm palavras para tudo isto porque eles têm problemas estéticos. Uma vaca não quer morrer. Muito menos um peixe quer morrer. Mesmo alguns mahatmas comem peixe em Bengala. Eles pensam que peixe não é um animal. Uma vez eu estava em Calcutá e pedi um thali vegetariano. O garçom me disse “Okay senhor, devo trazer peixe? “ Eu disse para ele novamente que eu queria um thali vegetariano. Ele disse, “sim senhor, mas devo trazer peixe?” Ele pensa que peixe é um vegetal. Eu não sei de que árvore ele vem. Peixes querem viver, vacas querem viver. Todo pássaro quer viver. Todo réptil quer viver. É por isso que eles se movem. Eles se movem para sobreviver e o que você faz? Você os come. Mas a berinjela não corre. Imagine abóboras e berinjelas correndo na rua pela manhã antes de você pegá-las para cozinhar. Nós não vemos tal cena em lugar nenhum. Você sabe porquê? Porque elas são comida; elas têm que estar lá. Elas têm que nos dar vida. Elas têm que dar vida não apenas a nós , mas também a todos os animais. Mesmo os animais carnívoros têm que depender delas. Eu falei para vocês inicialmente, Oshadhibhyo´nnam. Não há outra Annam. Como eu posso matar um organismo que quer viver, que não foi feito para ser comida, que tem o mesmo direito a vida? Como uma pessoa responsável pode fazer isso sem ser insensível? Surpreendente. Quando eu viajo, eu sempre paro para ler o cardápio. Mesmo não havendo nada que eu possa comer ou beber naquele menu, mesmo assim eu me certifico que li todos os itens. Quanto estilo na escrita e que linguagem eles têm para aquilo! Eles têm letras muito estilizadas também. Também é muito bonito. Existe escolha para você. A mulher vem e pergunta ao vizinho, “você quer rãs ou caranguejos” e ele tem que escolher. Na Idade da Pedra eles comiam caranguejos. Agora o que eles fazem? Comem caranguejos e ostras. Tudo que rasteja, eles comem. Tudo que anda, eles comem. Tudo o que voa, eles comem. Tudo o que nada, eles comem. Eles não comem você porque haverá um julgamento. Se não, haveria sopa de bebê, eu digo a vocês. Vergonhoso. É absolutamente vergonhoso. Não há nenhum respeito por qualquer organismo vivo, que quer sobreviver. Eu digo a vocês novamente, a comida é vegetariana. A comida do animal é vegetariana. Naturalmente sendo uma pessoa responsável, eu não posso lidar com o fato de tirar uma vida para comer. ahimsa paramo dharmah. No nosso dharma, o que é parama dharma? Qual é o último e mais importante valor? Falar a verdade etc, estão lá, mas, eles colocam no topo de todos os valores, ahimsa é a busca mais importante. Eu digo a vocês uma verdade simples. Sannyasa é um ritual. Você tem que seguir um certo procedimento. Você tem que estar com um professor por um período de tempo e o professor deve ou escolher você ou depois de ter estudado com ele ou em outro lugar, vá até ele e peça Sannyasa. Sendo aceito pelo professor, será posteriormente iniciado em Sannyasa. E nesta Sannyasa, o ritual final é declarar Abhaya a todos os seres. Isto é declarado em muitas palavras, “Oh plantas, Oh árvores, Oh animais, Oh seres humanos, todos vocês, de agora em diante, não precisam ter medo de mim”. Isto é Sannyasa. Mesmo os Deuses são chamados e a eles é dito, “Eu não estou competindo por sua posição”. Nós chamamos Indra e dizemos, “você não precisa se preocupar. De mim nunca haverá problemas para você. Não há competição pelo seu posto para mim.“ Um Sannyasi é um total não competidor na sociedade. A idéia de competir é causar tristeza. Você machuca e não machucar implica em completa ausência de competição. Ahimsa não é um valor sem importância para nós. Este fato tem que ser reconhecido. Se, apesar de tudo, você quer ser um não-vegetariano, viva nas florestas sem uma arma. Viva como Veerappan, mas sem os seus rifles. Viva sem suas armas e fique lá apenas com as mãos vazias, porque nenhum animal usa armas para lutar com você. Vejamos que tipo de percentual de sobrevivência existe lá para um ser humano. Se você quer comer, seja justo. Numa luta de boxe você não pode usar as unhas para lutar com a outra pessoa. Não seria justo. Seria uma competição injusta. Que tipo de ser humano é esta pessoa? Deixe-o ir para a floresta e lutar com os animais com as mãos vazias. Talvez seja um bisão, talvez um búfalo selvagem. Deixe-o pegá-lo com as mãos vazias. Sem redes, sem arpões. Pegue o peixe com as mãos vazias e então coma-o. Ele não fará isso, porque não duraria três dias. Animais também estão lutando para sobreviver. Eles amam sobreviver e você também ama sobreviver. Justo. Ou você come ou deixa que haja uma chance de acabarem com você. Talvez você não seja comido. Você pode matar uma vaca e comê-la. A vaca pode matar você e ir embora porque ela é vegetariana. Dentre os animais, me disseram que o gorila é o macaco mais exaltado, o mais evoluído e dizem que nós somos macacos evoluídos. Eu não sei. Parece que sim. Mas estes animais são vegetarianos. Se os macacos são vegetarianos, eu deveria ser muito mais vegetariano por escolha. Eu não encontro nenhuma outra razão para ser vegetariano. Eu não preciso de outra razão para ser vegetariano. Eu tenho que ser um ser humano porque eu nasci um ser humano. Eu tenho a capacidade de escolha. Eu tenho que escolher minha comida. A comida é vegetariana. Não há outra comida. #Vegetariana #Comida #PujyaSwamiji #Veda

  • Satsanga com Swami Dayananda Inadequação

    Pergunta: Qual é o seu conceito de moksha? Swamiji: O meu conceito de moksha é liberação do sentido de limitação e da sensação de dependência de felicidade e de segurança. Esse conceito não é meu, é o conceito de Vedanta. Pergunta: Isso significa liberação do materialismo? Swamiji: Liberação da sensação de inadequação. Pergunta: A inadequação pode ser especificada. A minha inadequação pode ser o fato que eu não tenha uma alta posição social. Para algumas pessoas, pode ser o fato de não terem dinheiro suficiente. Uma pessoa pode dizer que precisa de um tanto, e eu posso dizer que preciso de um pouco mais. Swamiji: É tudo a mesma coisa. Você está falando do seu conceito de adequação, você está aceitando a inadequação de qualquer jeito. Você pode achar que tendo mais dinheiro você se sentiria adequado. Um outro pode achar que se tivesse mais poder ele se sentiria adequado, e outro se tivesse fama. Uma outra pessoa poderia desejar um título, posição, ou qualquer outra coisa, mas no fundo todos tem um sentido de inadequação. Pergunta: O problema da inadequação precisa de...metafísica…alma…meditação? Swamiji: Podemos admitir o seguinte: que existe uma autoconsciência, e consequentemente autojulgamento. O julgamento universal é “eu sou inadequado”. E quando eu me considero inadequado, eu não suporto isso e portanto existe uma pressão natural para que eu me torne adequado. De acordo com o seu conceito de inadequação, existe algo que faria com que você se sentisse adequado, e essa coisa varia de pessoa para pessoa. Evidentemente, seria impossível para você se sentir adequado, uma vez que a inadequação mais alguma outra coisa, ainda seria inadequação. Quando você avalia um ganho, levando em conta a perda envolvida, esse ganho não será tão grande assim, uma vez que em todo ganho existe uma perda. Todo ganho é seguido de uma perda. Você consegue algo somente quando você investe algo, e dessa forma você descobre que, no mundo relativo, todo ganho envolve algum nível de perda. Sendo assim, obviamente, a inadequação continua existindo e essa é a experiência de todos, sem exceção. A questão que surge então é se a necessidade de ser adequado é uma coisa natural ou não. É um desejo, uma necessidade natural, e ninguém consegue controlar isso, mesmo porque ninguém se ‘torna’ adequado. Eu não posso parar de lutar contra a inadequação, e, portanto, eu preciso achar uma solução. E se essa solução não está disponível empiricamente, eu vou chegar necessariamente à questão: “Serei eu realmente inadequado? A inadequação é meramente um ponto de vista”? Suponhamos que a inadequação em si seja apenas um julgamento baseado em um ponto de vista e eu o esteja considerando absoluto. Suponhamos que o ponto de vista faça com que eu seja inadequado, me veja como inadequado, então isso é um problema somente meu; se uma outra coisa é inadequada, isso não é problema meu, não é um problema focado no “eu”. Assim, se existir uma inadequação focada no “eu” - eu sou inadequado. Portanto, eu tenho que descobrir a mim mesmo como ‘adequado’. Não existe uma maneira de eu descobrir adequação por mim mesmo através de riquezas, poder ou qualquer outra coisa, porque qualquer ganho será inadequado, e, portanto, “eu” mais alguma coisa ainda será inadequado. Inadequado mais inadequado é igual a inadequado. Finito mais finito é finito do mesmo jeito. Portanto, através da inadequação não tenho nenhuma possibilidade de atingir a adequação para mim mesmo. A minha necessidade é natural, e eu não aguento mais ser inadequado; a sensação de inadequação é algo com o qual eu não consigo viver bem. Assim sendo, talvez eu deva descobrir que eu não preciso “me tornar” adequado. Tornar-se adequado não faz sentido. Talvez eu já seja adequado. Basta dizer esse ‘talvez’. Talvez eu seja adequado. Portanto, a questão toda está de novo com você mesmo. Então você pode perguntar: ‘quem sou eu’? E então a questão se torna metafísica. Pergunta: Será que a estrutura social como um todo é de uma forma tal onde todos se sintam inadequados? Swamiji: A questão de se sentir inadequado é um problema individual. Afinal, quando você se acha inadequado ou a sociedade está projetando inadequação em você, é inadequação de qualquer jeito. O que eu estou querendo dizer é que mesmo que não existisse a sociedade, o sentido de inadequação ainda existiria. Eu gostaria de saber como é que você se vê, o que é o ser? Suponhamos que você diga que você é o corpo físico, então decididamente você é inadequado. Se você disser que você é a mente, você decididamente é inadequado também. Se você disser: “Eu sou o conhecimento que eu acumulei”, decididamente você é inadequado, porque o conhecimento nunca chega a ser adequado. Assim, de qualquer forma que você olhe para si mesmo, haverá inadequação, esse é o julgamento básico. Primeiro você julga a você mesmo e depois olha para si mesmo através dos olhos da sociedade. Você olha para outra pessoa e se essa pessoa é admirada, ou considerada mais bonita, você logo cria um complexo. E se uma outra pessoa for mais bem-sucedida, você cria outro complexo. Pergunta: Você está tentando dizer que existe ignorância de si mesmo? Swamiji: Sim, eu nasci com ignorância e ela tem dois aspectos: um é a ignorância de mim e a outra é a ignorância de tudo o mais. Eu possuo meios de conhecimento, tais como percepção, inferência, etc. para conhecer as coisas além de mim, que não são eu. Mas a auto ignorância continua. Você não precisa de autoconhecimento para acionar os demais meios de conhecimento. Você pode ser um cientista famoso sem ter autoconhecimento, e nesse quesito não há distinção entre os seres humanos e os animais. Om Tat Sat

  • A Importância do Estudo do Sânscrito

    Qualquer pessoa que tenha um contato, ainda que breve, com o sânscrito, dificilmente deixará de se render à sua elaborada estrutura ou reconhecer sua importância. Por sua comprovada antiguidade (os hinos védicos são considerados, por muitos, mais antigos do que os primeiros textos gregos), o sânscrito é bastante valorizado por estudiosos de linguística que vêem nele um referencial comparativo para o estudo de outras línguas. Seu maior valor, entretanto, é conferido pelo fato de ser a chave para a cultura tradicional da Índia, abrangendo seus sistemas de medicina, matemática, engenharia, agricultura, dentre outros, e, especialmente, sua literatura religiosa, sendo utilizada até dos dias atuais por devotos que mantém essa tradição secular, usando-a nas celebrações de rituais religiosos e na recitação de mantras. Como o nome “samskrtam” etimologicamente sugere, o sânscrito é uma língua “elaborada”, “muito bem feita”. Sua mais antiga gramática, compilada por Panini, é incrivelmente sucinta e completa. Possui 4.000 regras enunciadas em sutras de uma brevidade surpreendente que, no entanto, descreve a língua em todos os seus detalhes de estrutura. O sânscrito, nos seus primórdios, provavelmente era meio natural de comunicação, sujeito às naturais modificações que ocorrem no decurso do tempo ou em virtude de diferentes usos regionais. O impulso de preservar intactos os textos sagrados e de por um fim às variações que se sucedem em uma língua em desenvolvimento é que levou Panini a regulamentar a gramática do sânscrito. Entrar em contato direto com esses textos, escritos em sânscrito clássico, é o que motiva a maioria das pessoas a se empenharem em seu estudo. Os próprios textos de Vedanta apontam a gramática como uma vedanga (braço de estudo dos Vedas). Juntamente com ciências como a etimologia, a a poética, a fonologia, a astronomia e a ritualística, o estudo da gramática aparece como meio indicado para se obter maior qualificação da mente para o Conhecimento do Ser. Isto porque seu estudo requer concentração e análise: o estudante tem que prestar atenção nas condições enunciadas pelas regras, na relação existente entre elas, e tem que aplicá-las em sucessão. Sendo Vedanta uma sabda pramana, ou seja, um meio de conhecimento em forma de palavras, a palavra em si adquire um valor fundamental. É evidente que o essencial para a obtenção desse Conhecimento é ouvi-lo de quem esteja capacitado a ensiná-lo, independente da língua utilizada, já que é universal e atemporal. Por outro lado, conhecer a língua em que os textos em questão são escritos auxilia na apreciação de certas nuances de ideias, que nem sempre encontram equivalência completa em outras línguas. Ainda que um conceito específico possa sempre ser explicado por uma série de palavras que o descrevam, lidar diretamente com a terminologia usada na língua original traz, sem dúvida, muito mais clareza e especificidade aos significados que se quer passar. A singularidade do sânscrito pode ser admirada no fato de que as milhões de palavras de seu vocabulário derivam-se de um conjunto de apenas 2.200 raízes, elementos básicos constituintes da palavra. Por exemplo, deha vem da raiz dih, “untar, ungir” (=aquilo que é ungido) e sarira é formada da raiz sr, “decair, jogar fora (=aquilo que perece). Ambas as palavras significam “corpo”, apesar de cada uma revelar diferentes aspectos do objeto que representam – um significado mais intrínseco, que pode ser usado em outros vários contextos, dependendo da imaginação do autor. Todas as palavras são formadas a partir desse grupo de raízes pela adição ordenada de prefixos e sufixos segundo regras bem definidas. Tambem alguns processos gramaticais observados no sânscrito são únicos, não encontrando equivalência em outras línguas. É o caso da construção de uma voz passiva com verbos intransitivos, o que permite que uma sentença na voz ativa, do tipo “o rio flui”, seja expressa na voz passiva, obtendo-se então a construção abstrata “pelo rio é fluído” ou ainda “fluir é feito pelo rio”, formas nada usuais em nossa língua. Outra peculiaridade: não se encontra no sânscrito um verbo que traduza a ideia de posse. A sentença “Rama tem um arco” é normalmente expressa pelo uso do 6º. caso (genitivo) denotando o possuidor, acompanhado de uma forma subentendida do verbo ser: “o arco de Rama (é)”. Enfim, todas essas considerações apenas demonstram as vantagens de se conhecer uma língua para se entender de forma mais abrangente ideias e conceitos por ela expressos. Tudo isso, aliado à sua beleza e à riqueza de sua estrutura fazem do sânscrito uma língua fascinante. A classificação ordenada dos fonemas com permanente correspondência única e recíproca entre o som falado e o símbolo gráfico que o representa; as regras de combinação fonética (sandhi) que garantem sempre uma sonoridade harmônica quando os elementos constituintes de uma palavra se unem para formá-la ou mesmo quando se unem duas ou mais palavras numa frase; o sistema de declinação que confere a cada palavra, pela terminação utilizada, diferentes funções sintáticas na frase; enfim, a extraordinária flexibilidade da língua permite o agrupamento de palavras, numa variedade insuspeita de compostos, proporcionando ao sânscrito sua densidade, concisão, sutileza e poder característicos ... É esse potencial expressivo que estimula o estudante a cada vez mais aprofundar seu conhecimento nessa língua e literatura tão ricas. João Carlos Morgado #Sânscrito #Estudo #HinosVédicos #samskrtam #Panini #ConhecimentodoSer

  • Como devemos rezar?

    Na Índia são celebrados diversos ‘Anos Novos’ (ano novo Tamil, Ugadi, etc). Esse fato em si é uma indicação de que ‘Ano Novo’ é um conceito relativo, e não absoluto. Assim sendo, não devemos nos ater a nenhum ano novo em particular, qualquer ano novo é bom. O propósito de uma celebração do ano novo é apenas o de examinar o que está acontecendo em nossas vidas. Temos uma existência humana pela qual pagamos um preço alto, utilizando uma moeda chamada ‘punyam’. Portanto, não podemos desperdiçar esta oportunidade para fazer o nosso melhor, senão a vida se torna uma coisa mecânica. Temos que observar se estamos evoluindo ou não, sem nos preocuparmos com a taxa de crescimento ou com as ‘dores de crescimento’. Um broto de bambu pode crescer à uma taxa de vários centímetros por dia, enquanto outras espécies vegetais podem crescer apenas alguns poucos centímetros por dia. A taxa de crescimento é inerente a cada sistema particular. Todos nós temos a nossa própria taxa de crescimento, e temos que conhecê-la, portanto não precisamos nos comparar aos outros, para não desenvolver algum complexo. Não precisamos nos tornar invejosos, nem ficar com sentimento de culpa, frustrados ou desenvolver um complexo de inferioridade. Todos nós vamos receber a graça de Deus. Algumas pessoas dizem ‘Tudo é graça de Deus’, e assim não assumem responsabilidade por nada. Essa atitude é muito irresponsável, mas ao mesmo tempo não podemos ser arrogantes dizendo: ‘Eu consigo realizar tudo o que eu quero’. O orgulho precede a queda. Pessoas que já ocuparam altas posições podem estar agora em uma cadeia. Devemos aceitar o nosso papel, bem como o papel de Isvara, assumindo responsabilidades com nós mesmos, e buscando a graça do Senhor através de orações, visitas a templos, etc. Quando oramos ao Senhor devemos nos lembrar de algumas regras – não devemos pedir qualquer coisa ou tudo, mas apenas aquilo que é possível. Isso é verdade, mesmo sendo Bhagavan onipotente. Sabemos através dos Puranas que os rakshasas fazem austeridades intensas (tapas). Isvara aparece na frente deles e pergunta: ‘O que você deseja’? Parece existir um padrão para o pedido (e para a resposta). O pedido padrão é: ‘Que não haja morte para mim’ – e a resposta padrão para isso é: ‘Peça-me outra coisa, isso eu não posso te conceder’. Se o próprio Bhagavan não pode satisfazer todos os desejos, como pode Ele ser considerado onipotente? Para entender isso, devemos primeiro entender o significado de onipotência. Onipotência é a capacidade de fazer tudo aquilo que é possível. Assim, se pedirmos coisas impossíveis ao Senhor, não vamos obter o que pedimos e vamos duvidar da eficácia da oração, e até mesmo da existência de Deus. Portanto, quando oramos devemos saber o que podemos pedir, para que não haja decepção. Não devemos cometer o erro de pedir o impossível. Quais são as impossibilidades ou as orações erradas? Primeira impossibilidade: Enquanto vivermos, temos que ser ativos, tanto física quanto mentalmente. O corpo e a mente foram feitos para a atividade. Portanto, ‘Ó Senhor, livre-me de responsabilidades ou de atividades’ é uma oração errada ou impossível. Se nós temos filhos, temos que estar preparados para todas as responsabilidades que virão a seguir, inclusive cuidar dos netos. Se não quisermos assumir esse tipo de responsabilidades e preferirmos ir para um ashram, vamos nos deparar com as responsabilidades da vida em um ashram. Se quisermos escapar disso também, e viver como um monge viajante, o mundo todo se torna nossa responsabilidade. Portanto, nunca devemos pedir por descanso, temos que ser ativos até o último suspiro. É totalmente impossível nos livrarmos totalmente das atividades. Podemos, entretanto, orar para não ter tédio. ‘Ó Senhor, que eu possa realizar todas as minhas atividades com uma mente feliz, que eu encontre inspiração em todas as atividades que eu fizer, e que eu possa gostar de todas essas atividades’. Segunda impossibilidade: O futuro nunca está sob o nosso controle, seja o nosso próprio futuro ou o futuro de nossos filhos, o futuro das companhias em que trabalhamos, ou o futuro do mundo. Portanto, quando oramos ‘Que eu seja bem-sucedido em tudo, que eu tenha lucros o tempo todo, que meus filhos sejam academicamente brilhantes’, indiretamente estamos buscando ter um controle sobre o futuro. Qualquer tipo de oração na qual haja algum tipo de controle do futuro, irá falhar inequivocamente. O que podemos fazer é contribuir para o futuro. Podemos ser contribuintes e não controladores. Podemos ser contribuintes para o bem de nossos filhos, para o nosso próprio bem, para o bem das companhias para as quais trabalhamos, e para a pátria, mas não vamos orar por algo que inclua algum controle sobre o futuro. E quando contribuirmos, que o façamos com entusiasmo e alegria. Krishna não pode evitar a guerra no Mahabharata, mas foi um grande contribuinte na mesma. Quando mesmo um Avatar não pode controlar o futuro, o que nós, simples mortais, podemos fazer? ‘Ó Senhor, que eu possa dar o melhor de mim mesmo. Que eu possa gostar daquilo que faço. Que eu tenha alegria e entusiasmo’. Terceira impossibilidade: A terceira impossibilidade é importante, principalmente para aqueles que tem uma família. Devemos entender de uma vez que não podemos mudar os outros. Até mesmo Deus falhou nisso; Krishna falhou tentando mudar Duryodhana. Ramafalhou ao tentar mudar Ravana, embora Ele tenha lhe dado inúmeras oportunidades. Se tentarmos mudar o outro, inevitavelmente vamos falhar terrivelmente e nossas vidas se tornarão um fardo. O que podemos fazer é contribuir ao máximo para o crescimento do outro. Se sempre julgamos o outro subjetivamente, como vamos saber se nosso julgamento é correto? Nós precisamos crescer, tanto quanto os outros precisam. Assim como queremos que os outros mudem, eles também querem que nós mudemos, e o resultado é sempre desastroso. Podemos ajudar às pessoas, contanto que elas queiram nossa ajuda, e da mesma forma que podemos ajudar aos outros, podemos também buscar ajuda deles. ‘Ó Senhor, mude fulano’ é uma oração equívoca. Em vez disso, deveríamos dizer ‘Ó Senhor, que eu possa contribuir para o crescimento de fulano, que eu possa influenciar seu crescimento’. Essa sim deveria ser a fórmula da oração. Nós podemos influenciar (e não ‘mudar’) os outros de duas maneiras – direta e indiretamente – através das nossas palavras e ações. Ainda assim poderemos ser bem-sucedidos ou não – a maioria das pessoas não escuta. Quando falamos com outra pessoa, ao invés de simplesmente escutar, ela provavelmente estará planejando a sua resposta, e o contrário também é verdadeiro. Isso se chama discussão. A influência indireta é nossa ação, nossa forma de viver. Nossas ações podem influenciar os outros, ou não. Podemos orar: ‘Ó Senhor, por favor me dê forças para aceitar os outros – aqueles que estão mudando para melhor, para pior, e aqueles que não mudam’. Quarta impossibilidade: Não poderemos nunca obter satisfação e segurança totais através de alguma situação. Esperar um resultado positivo disso é um grande erro. Mesmo que seja uma situação ideal, algo vai desagradar. ‘Ó Senhor, que eu encontre segurança em mim mesmo, em qualquer situação’. Até mesmo Bhagavan pode reclamar das situações. Afinal, o mais insatisfeito deveria ser Bhagavan, pois Ele é o criador do mundo, de todos os seres, e nos deu um conjunto de regras, chamado ‘dharma’, que devemos seguir. E o que fazemos? Violamos cada regra do livro. Resumindo: ‘Ó Senhor, Que eu seja ativo com entusiasmo e alegria; que eu possa gostar de tudo que faço. Que eu possa contribuir para o futuro; que eu não tente controlar o futuro. Que eu possa influenciar positivamente através de minhas palavras e ações; que eu não tente modificar os outros. Que eu tenha a sabedoria para encontrar satisfação e segurança em mim mesmo, em qualquer situação.’ - Se nós fizermos essa oração, Bhagavan certamente irá cooperar. Orando desta forma, possamos nós crescer e contribuir com o melhor de nós mesmos – (Tradução Claudia Lakshya)

bottom of page